A expedição para um jardim mais verde

Em um jardim, trabalhava um jardineiro cuidadoso. Ele regava todos os canteiros regularmente, arrancava as ervas daninhas, e para onde quer que se olhasse, havia grama verde e flores coloridas florescendo. No entanto, certa vez os vegetais começaram a ficar insatisfeitos.

“Acho que estaríamos melhor em outro jardim”, disse certa vez a cenoura. “Eu realmente não gosto daqui.”

“Eu também não gosto daqui”, concordou o aipo. “Esse jardineiro nos rega com água muito fria. Isso só me dá arrepios. E o alho-poró espirrou outro dia, com certeza pegou um resfriado por isso.”

“Precisamos de um outro jardineiro”, continuou a cenoura.

Histórias para dormir pequenas - A expedição para um jardim mais verde
A expedição para um jardim mais verde

“Ah, sim”, concordaram as maçãs na macieira que crescia ao lado do canteiro. “Nós não gostamos deste jardineiro. Ele tem barba demais.”

“E eu gostaria de um jardineiro que me regasse com um regador vermelho, e não com este verde comum”, reclamou o aipo.

E assim, os vegetais e as maçãs se juntaram, se arrancaram do canteiro e pularam para fora do jardim.

A cenoura pulava na frente, procurando qual jardim seria mais verde, e qual jardineiro seria mais bonito e cuidadoso. Então, ela pulou até a casinha onde morava uma vovozinha. Ela tinha um jardim pequeno como a palma da mão, mas bonito e cuidadosamente arrumado.

“Aqui parece bonito”, disse a cenoura se plantando na terra ao lado da casinha.

Os outros vegetais fizeram o mesmo. As maçãs só podiam rolar, pois não podiam levar sua árvore consigo. Então, rolaram para a sombra, onde a grama era mais macia.

“Está crescendo bem”, elogiou a vovó. E então pegou o regador vermelho que estava até o momento no sol e começou a regar.

“Isso é agradável”, elogiou o alho-poró. “Finalmente água morna.”

“E a cor do regador é de tirar o fôlego”, acrescentou o aipo.

“A grama aqui é mais verde, as flores são mais perfumadas e a vovó é muito gentil conosco”, concluiu a cenoura, se acomodando confortavelmente.

Mas quando a noite chegou, a cenoura ouviu algo que não gostou nem um pouco.

“Estou com vontade de comer uma maçã com cenourinha”, disse a vovó enquanto procurava algo no armário da cozinha. “Onde está aquele ralador afiado para ralar essa cenoura?”

A cenoura ficou apavorada.

“Socorro! Ela quer nos ralar no ralador”, gritou a cenoura, que pulou da horta e começou a fugir. Os outros vegetais a seguiram, com as maçãs logo atrás.

A cenoura continuava pulando e procurando onde o jardim seria mais verde e bonito do que os dois anteriores.

“Aqui parece bonito”, disse a cenoura, que pulou em um grande canteiro fofo. “Mas o que é isso?”

“Ai, ai, ai, o que está cutucando minhas raízes?”, perguntou-se a cenoura.

Do canteiro espiou uma batata, que arregalou seus olhinhos.

“Por que você está entrando na minha cama?”, murmurou a batata com a boca toda suja de terra.

“Eu queria morar aqui. A grama é mais verde do que no meu jardim, a terra é mais macia, a água mais limpa e seu jardineiro certamente será muito gentil também.”

“Jardineiro?”, espantou-se a batata. “Você está no campo, sua cenoura tola, aqui só passa trator com agricultores.”

A cenoura e os outros vegetais ficaram assustados. Só faltava serem atropelados por um trator! A cenoura pulou da terra e correu para longe. Os outros vegetais foram atrás dela. Só as maçãs não conseguiram acompanhar. Não conseguiram rolar morro acima, então desceram rolando de volta e foram parar direto no cercado dos cavalos. Os cavalos viram as maçãs saborosas e logo começaram a comê-las com gosto. 

“Nhac!” 

Estavam boas, mas um pouco machucadas. Afinal, pularam o caminho todo, até ficarem amassadas.

A cenoura continuou pulando até encontrar outro canteiro, onde se enterrou. O alho-poró e o aipo fizeram o mesmo. O ambiente ali era bonito, a grama verde e havia pequenos jardineiros correndo por ali com pequenos regadores coloridos.

“Crianças, é hora de preparar o almoço. Quem sabe qual vegetal colocaremos na sopa?”, perguntou a jardineira grande. Os pequenos jardineiros imediatamente se dirigiram para a cenoura, o aipo e o alho-poró.

Antes que os vegetais pudessem se recuperar, já estavam se banhando na panela com água.

“Deveríamos ter ficado no nosso jardim”, resmungou a cenoura. “De quem foi a ideia de fugir?”

“Foi sua!”, disse o aipo. “Você não gostava do nosso jardineiro.”

“Ah, é? E quem não gostava da cor do regador?”, lembrou a cenoura.

“Foi o alho-poró. Ele que não gostava da água fria”, defendeu-se o aipo.

A cenoura e o aipo olharam para o alho-poró. Ele estava se espreguiçando prazerosamente na água da panela.

“Eu gosto desta água, está agradavelmente quente”, elogiou.

“Ah, que tolice”, disse a cenoura. “Por que não percebemos antes que estávamos bem? Em vez disso, procuramos um jardim que fosse mais bonito e melhor, quando já o tínhamos.”

“Fique quieta e amoleça”, disse o alho-poró à cenoura. “As crianças já estão ansiosas por nós. Estão com muita fome.”

Quando a sopa ficou pronta, os pequenos jardineiros a saborearam. À tarde, foram para a horta plantar mais vegetais deliciosos. E se cuidarem bem deles, crescerão e poderão fazer outra refeição deliciosa. Esperamos que suas cenouras sejam mais sensatas e não fujam da horta.

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