O rei sapo

Há muito tempo, em um reino distante, vivia um rei já idoso que tinha uma filha lindíssima — tão linda que todos no reino falavam sobre sua beleza. A princesa aproveitava sua juventude, cantava, ria e brincava com seus amigos nos jardins do castelo.

Nos dias quentes de verão, gostava de ir sozinha até a floresta, onde brincava com sua bola dourada sob uma velha tília. Perto dessa árvore, havia uma fonte cristalina, onde a princesa costumava se sentar e se perder em pensamentos, olhando fixamente para a água.

Histórias para crianças - O rei sapo
O rei sapo

A água era limpa e transparente, mas a princesa nunca conseguia enxergar o fundo. Depois de um tempo observando a fonte e bebendo um pouco de água fresca, ela começou a jogar sua bola dourada para o alto. Jogava tão alto que ela brilhava ao sol como um raio de luz. Era seu brinquedo favorito. Mas, num lance, a bola escapou de suas mãos, quicou no chão e caiu na água, fazendo um grande splash. A princesa correu até a borda e ainda viu o brilho dourado na água, que logo sumiu. A bola afundava cada vez mais, até desaparecer. Talvez o poço fosse sem fundo, pensou a princesa, e começou a chorar.

“O que aconteceu, princesinha? Você está chorando tanto que até a pedra aqui ao lado parece comovida.”, disse uma voz atrás dela. 

A princesa, com os olhos cheios de lágrimas, esfregou o rosto e se virou. Da água surgiu um grande sapo, que a olhou com os olhos arregalados e tentou consolá-la: 

“Não chore, princesinha, não chore.”

“É você, velho sapo?”, surpreendeu-se ela. “Eu não choraria se não tivesse perdido minha bola dourada. Ela caiu na fonte enquanto eu brincava.”

“Na fonte?”, disse o sapo. “E o que você me dará se eu trouxer sua bola dourada?”

“O que você quiser, querido sapo!”, sorriu a princesa. “Roupas, pérolas, joias… ou você prefere minha coroa de ouro?” 

O sapo respondeu: 

“Não quero suas roupas, nem pérolas, joias ou sua coroa de ouro. Mas, se você gostar de mim, se quiser ser minha amiga e me deixar sentar com você à mesa, comer do seu prato, beber do seu copo e dormir na sua cama, então eu mergulho na fonte e trago sua bola de dourada.” 

“Traga, traga!”, implorou a princesa. “Prometo tudo o que você quiser, só me traga minha querida bola de volta.” 

Mas, por dentro, a princesa pensava: Que bobagem esse sapo está dizendo… sapo não senta à mesa nem dorme na cama! Ele que fique na água, onde é o lugar dele.

Para o sapo, bastava a promessa. Ele mergulhou debaixo d’água e logo reapareceu com a bola dourada na boca. Jogou-a na grama. A princesa pulou de alegria, pegou a bola, a abraçou, riu… e correu direto para o castelo, esquecendo completamente do sapo. Triste, ele voltou para o fundo do poço.

No dia seguinte, a princesa estava sentada à mesa com o rei e os cortesãos, desfrutando de um banquete real. De repente, ouviu-se um barulho nas escadas: pof, pof, pof. Todos pararam para escutar. Logo veio o coaxar do sapo. Ele havia vindo cobrar a promessa da princesa. Desde então, não se afastou mais dela. Passaram a comer e beber juntos.

Depois de comer e beber até se fartar, o sapo quis ir para o quarto. A princesa chorou, recusando-se a tocar naquele sapo gelado. Foi se deitar e, em vez de aproximá-lo com cuidado, pegou o sapo com raiva e o lançou com força contra a parede: 

“Agora sossega, seu sapo nojento!”

Mas o que caiu no chão não foi um sapo, e sim um jovem príncipe, vivo, com olhos lindos. Ele explicou que havia sido enfeitiçado por uma bruxa má, e que apenas a promessa da princesa — cumprida até o fim — poderia quebrar o feitiço.

Os dois conversaram a noite toda, até que, lá fora, começou a amanhecer. Só então olharam pela janela e viram uma carruagem se aproximando. Era uma linda carruagem puxada por oito cavalos brancos, todos com penachos brancos na cabeça. Lá dentro, vinha o servo mais fiel do príncipe, Henrique, que veio buscá-los para levá-los ao seu reino.

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