Em uma cidade, vivia um rico comerciante que, ao lado de sua casa, mantinha um belo jardim onde cultivava painço. Todos os dias, cuidava da plantação com atenção, mas, certa manhã, percebeu que grande parte da colheita havia sumido. Irritado, decidiu que pegaria o ladrão e o puniria. Confiou essa tarefa a seus três filhos — Michel, Jorge e João — prometendo uma recompensa para quem descobrisse o culpado.
Na primeira noite, o filho mais velho, Michel, ficou de guarda. Levou pistolas, um sabre e provisões, mas logo adormeceu sob um arbusto de sabugueiro. Pela manhã, descobriu que mais uma parte do painço havia desaparecido. Na noite seguinte, foi a vez de Jorge. Além das armas, ele levou uma corda e um cajado, mas também não resistiu ao sono. De manhã, o painço havia sumido novamente. O pai ficou furioso e castigou os dois filhos.

Na terceira noite, chegou a vez do João. Ele não levou nenhuma arma, mas se cercou de espinhos e gravetos. Sempre que o sono ameaçava vencê-lo, os espinhos pinicavam seu nariz e ele despertava. À meia-noite, ouviu o som de cascos e viu um potro pastando no painço. João o capturou e o levou para o estábulo.
Pela manhã, os irmãos zombaram dele, dizendo que ele não havia capturado nada, assim como eles. Mas João os surpreendeu quando os levou ao estábulo, onde um belo potro relinchava. O pai ficou encantado e deu o potro a João, que o batizou de Ladrão de Painço.
Algum tempo depois, espalhou-se a notícia de que, no castelo da montanha de vidro, havia uma princesa encantada. Quem conseguisse subir a montanha e dar três voltas ao redor do castelo poderia libertá-la e tê-la como esposa. Muitos jovens já haviam tentado, mas todos acabaram no fundo do abismo. Michel e Jorge compraram cavalos fortes, mandaram colocar ferraduras afiadas neles e partiram em busca da princesa. No entanto, após algum tempo, os dois caíram da montanha de vidro.
João, por sua vez, confiou no Ladrão de Painço. Ele montou no pequeno cavalo, que começou a subir a colina com agilidade. Pulo e salto, pulo e salto – e logo chegaram no topo. Mais pulo e salto, pulo e salto — até que deram as três voltas em torno do castelo. No instante em que completaram a última volta, os portões se abriram e a princesa surgiu, vestida de dourado.
“Então aqui está você, seu travesso!”, exclamou a princesa sorrindo para o Ladrão de Painço. “Quando você fugiu de mim, fiquei presa e não pude descer atrás de você. Mas agora você voltou!”
A princesa contou a João que o Ladrão de Painço era seu cavalinho mágico, que havia fugido dela. João e a princesa passaram a viver felizes no castelo da montanha de vidro, enquanto seus irmãos se recuperavam das quedas. E assim, João provou que, às vezes, tudo o que é preciso é um pouco de coragem, inteligência — e um toque de magia.
História linda demais! Amei! ❣️ ❣️