Em uma linda casinha de madeira perto da floresta, um menino chamado Tadeu vivia com seus pais. Tadeu era muito sapeca e não conseguia ficar parado nem por um minuto. Ele era incapaz de sentar-se numa cadeira e prestar atenção por muito tempo.
Suas pernas logo começavam a balançar, seus olhos passeavam por todos os cantos da sala, e sua mente não parava de pensar no que poderia fazer ou qual travessura inventaria no momento. Seus dedos pareciam formigar, como se quisessem sair correndo por aí, e seu corpo inteiro se remexia, como se estivesse sendo picado por pulgas. Tadeu era, sem dúvida, um menino inquieto.

Assim que acordava, pegava o café da manhã na mão e corria para a floresta. Passava o dia todo correndo por lá, coletando pinhas, subindo em árvores e reabastecendo o comedouro dos animais. Ele gostava muito da floresta, onde podia ser ele mesmo, e sempre encontrava uma forma de ajudar os animais que tanto amava, sem desconfiar que, mesmo ali, o perigo poderia estar à espreita
Certa vez, Tadeu ficou na floresta por muito tempo. Ele não percebeu que estava anoitecendo. O sol parou de aquecer e um vento frio soprou sobre Tadeu. Ele começou a sentir seu corpo esfriar, então se agachou junto à árvore e esfregou os braços e as pernas para se aquecer. Quando estava prestes a se levantar e ir para casa, uma faísca brilhou bem na sua frente e algo estalou. Do nada, um diabinho apareceu, bem ali, diante de seus olhos. Ele era rechonchudo, sua cauda balançava para todos os lados e ele era completamente preto. Apenas seus dentes brancos brilhavam, e a sua volta, tudo cheirava a fogo.
Tadeu levantou e com coragem perguntou: “Quem é você? O que você quer?”. O diabinho sorriu maliciosamente e respondeu: “Tadeu, não tenha medo. Eu sou o diabinho Lúcio e vim para te ajudar. Vejo que você está com frio, então eu queria fazer uma fogueirinha para você. Com ela você vai se aquecer e se sentir bem. Junte bastante madeira e eu te dou a faísca para acender!”, disse o diabinho.
Tadeu pensou por um instante. Ele estava com muito frio, mas mesmo sendo travesso, ele sabia o que era certo e errado, e fogo na floresta é perigoso. Então, Tadeu logo disse: “Obrigado demônio Lúcio, por querer me ajudar, mas não preciso de fogo. Na floresta, não se deve fazer nenhuma fogueira”.
Lúcio ainda tentou convencer Tadeu. Ele o tentava com a ideia de como seria agradável e quentinho. Que bastariam apenas alguns gravetos e ele se sentiria bem e com certeza nada aconteceria. Mas Tadeu pensou em seus amigos animais que poderiam se machucar se ele começasse um incêndio. Ele até ficaria aquecido, mas fazer fogo na floresta é muito perigoso. “Não Lúcio, pare, eu não vou fazer fogo na floresta. Isso não se faz!”, disse Tadeu com firmeza.
O diabinho ficou surpreso, pois pensou que convenceria Tadeu. Afinal, ele era um demônio que convencia as pessoas a fazerem coisas muito erradas para poder levá-las para o inferno por algum tempo para servi-lo. Mas ele não podia levar Tadeu. Lúcio não teve escolha a não ser se despedir.
Ao anoitecer, quando Tadeu estava deitado na cama pensando sobre o que aconteceu, ele se sentiu feliz, porque sabia que havia feito a coisa certa. No momento em que estava quase adormecendo, ouviu uma batida em sua janela. Ele a abriu em silêncio e os esquilos entregaram uma tigela de madeira com uma pilha de frutas da floresta. Os passarinhos também voaram até a janela e disseram: “Isso é para você, por ter feito a coisa certa e não ter destruído nossa floresta com fogo. Estamos ansiosos para te ver amanhã. Boa noite, amigo”. Tadeu agradeceu e adormeceu mais contente do que nunca.