O ladrão do bem

No meio de uma floresta bem fechada, havia uma casinha diferente de todas as outras. Ela tinha sido construída no alto de uma árvore, por isso era difícil de enxergar. Quem morava lá era um ladrão chamado Carlos. Mas não se assuste! Ele era um ladrão do bem. Observava quem passava por perto e só pegava coisas das pessoas muito ricas e egoístas, que tinham de sobra e não queriam dividir com ninguém. 

Carlos tinha o cabelo bem curtinho e usava uma pequena barba. Perto da sobrancelha, tinha uma cicatriz charmosa, e seus olhos grandes e brilhantes encantavam quase todo mundo. Mas ele tinha um probleminha: não ouvia muito bem de um dos ouvidos. Ele adorava sentar na sua casa na árvore e observar tudo o que acontecia na floresta lá de cima. Até que, num certo dia, viu alguém que nunca mais esqueceu. Foi um encontro que mudou a sua vida para sempre.

Era de manhã e Carlos estava tomando seu café da manhã quando, de repente, alguém passou correndo debaixo de sua árvore. Ele nem teve tempo de ver quem era. Olhou ao redor, mas só conseguiu ver de longe a silhueta de uma menina. No dia seguinte, isso aconteceu de novo. E no outro também. “Quem está correndo pela floresta?”, pensou Carlos, curioso. Ele queria descobrir quem era. 

No dia seguinte, ele resolveu descer da árvore. Foi até o final da trilha por onde a menina sempre passava. Logo, viu ela se aproximando. Ela era magrinha, com cabelos longos e escuros presos em um rabo de cavalo. E quando corria, sorria de um jeito lindo. Quando chegou ao final da trilha, ela parou de repente, e viu o ladrão. Carlos não conseguia tirar os olhos dela.

Histórias para crianças - O ladrão do bem
O ladrão do bem

Com um sorriso tímido, ele se apresentou: “Oi, eu sou o Carlos. Sou um ladrão… mas um ladrão bom e justo. Eu só roubo de pessoas ricas e egoístas e dou aos pobres. Faz alguns dias que vejo você correndo pela floresta, então esperei aqui hoje para poder te conhecer”.

A menina sorriu com delicadeza e se apresentou: ”Eu sou a Nicole. Sou filha de um dos governantes da cidade. Gosto de correr pela floresta porque aqui ninguém me conhece nem me vê. Não preciso me vestir como uma dama e nem me preocupar em como devo me comportar. Quando corro, encontro apenas os animais, e eles gostam de mim do jeito que sou. Eu não sabia que você também morava aqui”.

O ladrão Carlos queria conhecer melhor Nicole, então eles conversaram por um tempinho. Mas, de repente, ela se levantou dizendo que já precisava ir e saiu correndo no mesmo instante. Depois daquele dia, os dois se encontraram outras vezes, sempre enquanto ela corria. Mas Nicole estava com medo. Disse que, por ser filha do governante, não podia ser vista conversando com um ladrão.

Alguns meses se passaram e Carlos não viu mais Nicole durante todo esse tempo. Até que uma manhã, quando ainda estava dormindo, o ladrão ouviu algo estranho pelo seu ouvido bom. Alguém estava correndo pela floresta. Galhos estalavam, folhas farfalhavam e ramos se dobravam. Era Nicole correndo rapidamente pela floresta. Ele ficou tão feliz em vê-la e se perguntou por que ela estava correndo tão rápido. Então ele viu que alguém vinha atrás dela. Carlos sabia que precisava salvá-la!

Ele pulou da árvore, em um instante a pegou nos braços e, com uma corda, subiu de volta até sua casa. “Espere aqui ”, disse Carlos descendo de novo. Ele pegou o homem que perseguia Nicole, o amarrou e o deixou deitado no caminho. Depois voltou até a casa da árvore, onde Nicole o esperava. A menina ficou muito feliz que Carlos a salvou.

Ela contou que o homem era um capanga de um dos governantes da cidade. Ele tinha sido enviado para levá-la de volta ao castelo. Mas, na verdade, o capanga queria sequestrá-la e depois fingir que a tinha resgatado, só para parecer herói e dizer que a tinha encontrado e a salvado sozinho. 

O ladrão Carlos ficou furioso e, sem pensar duas vezes, levou o homem amarrado até o castelo. Lá, contou tudo o que havia acontecido. Nicole confirmou cada palavra e ainda elogiou Carlos na frente de seu pai, dizendo que ele a ajudou de verdade. O capanga, por sua vez, foi preso já que havia tentado tirar proveito da situação querendo enganar a todos.

E quanto a Nicole e Carlos?

O pai dela, o governante, teve que admitir que, mesmo que alguém não seja nobre, ainda pode ser uma boa pessoa, como o ladrão Carlos. Ele também percebeu que sua filha era muito mais feliz quando podia ser ela mesma, correndo livre pela floresta, do que quando precisava se comportar como uma dama e seguir todas as regras do castelo. Assim, ele deixou Nicole continuar correndo pela floresta e ser amiga do ladrão. No final, a jovem nobre e o ladrão com uma cicatriz charmosa, um ouvido ruim e olhos encantadores se tornaram amigos inseparáveis. E, pelo jeito como se olhavam, com o tempo, talvez se tornassem até mais do que apenas amigos.

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