Em uma floresta negra e densa, havia uma aldeia bem pequena, escondida entre musgos e samambaias. Para avistá-la, era preciso se ajoelhar, ficar completamente em silêncio e olhar para as samambaias com atenção. E ainda assim, era difícil de enxergar a pequena aldeia. Lá moravam alguns duendes.
Eles eram trabalhadores, alegres e sempre cantavam enquanto trabalhavam. Mas um deles não era assim, o duende Marcel. Ele não era mau, apenas rabugento, não sorria e suas palavras mais frequentes eram: “não, não quero, não gosto”.
Os duendes gostavam de ir à floresta com frequência. Eles ajudavam as formigas a terminar o formigueiro, as salamandras a encontrar tocas para morar e os ouriços a limpar seus espinhos. Eles faziam tudo juntos e com alegria. Só Marcel, que em cada uma dessas tarefas, sempre dizia que não gostava e fazia uma cara de irritado. Os duendes tentavam animá-lo: contavam piadas, faziam cócegas nele, cantavam canções alegres, mas Marcel continuava rabugento. Seus amigos duendes até procuraram ervas e alguns feitiços para o deixar alegre, mas nada fazia ele sorrir.

Certa vez, quando os duendes estavam na floresta trabalhando duro, ouviram uma voz fraca pedindo ajuda. Eles correram pela floresta e procuraram de onde vinha a voz. Por muito tempo, não conseguiram encontrar ninguém. Até que, de repente, Marcel chamou: “Venham todos aqui. Já sei quem está chamando”. Ele estava ao lado de uma vala, que tinha muitos cardos e plantas trepadeiras. No meio disso, uma fada amiga dos duendes, estava presa. Ela tinha se perdido e caído dentro da vala, e agora estava enrolada nas plantas, que a machucavam e a arranhavam. Ela não conseguia se mover, pois estava fraca e ferida.
Quando Marcel percebeu isso, foi como se algo se movesse dentro dele. Imediatamente, ele amarrou um caule firme em torno de sua cintura, prendeu-o em um toco e começou a descer em direção à fada para resgatá-la. Os duendes pularam e seguraram o caule para dar segurança à Marcel. O duende se esforçou ao máximo para libertar a fada o mais rápido possível. Ele se pendurou sobre a vala e cortou todas as plantas que a amarravam. Então, ele a pegou nos braços e a levou para cima.
Ele a colocou sobre o musgo e ordenou: “Rápido, tragam folhas de tomilho e mel da colmeia. Precisamos tratar suas feridas”. Os duendes se espalharam e em poucos minutos trouxeram tudo. Marcel aplicou com cuidado as folhas e o mel nos machucados da fada.
Depois de um tempo, a fada se sentiu aliviada e a dor diminuiu. Ela pegou o duende pela mão e sorriu para ele. Naquele momento, algo inacreditável aconteceu. Marcel sorriu de volta. Ele estava feliz pela fada estar se recuperando. Os duendes olharam surpresos para ele. Um deles ganhou coragem e perguntou: “Marcel, o que aconteceu? Como assim você sorriu? Nós sempre tentamos te alegrar e nada”. O duende ficou surpreso com a facilidade com que o sorriso surgiu. Então ele pensou e disse: “É que eu gosto da fada. E fiquei feliz por termos ajudado a salvá-la”.
Desde então, Marcel sorria com mais frequência. Ele tinha ao seu lado uma fada, que o fazia feliz. Portanto, não eram ervas, nem magia, mas o encanto do amor que mudou Marcel. Pois não existe nada mais poderoso que o amor.