O Senhor Horácio vivia sozinho em uma casinha pequena e, de vez em quando, sentia-se triste por sua solidão. Então, decidiu que arranjaria um amigo, alguém que pudesse acompanhá-lo em seus passeios. Decidido, foi até a loja de animais para encontrar um companheiro.
A primeira coisa que chamou a atenção do Senhor Horácio foram os peixinhos. Mas será que os peixinhos poderiam ir passear com ele? Além disso, seria difícil colocar uma coleira neles, e ele nem poderia acariciá-los como gostaria. Então, continuou sua busca por outro amigo.
Quem sabe um porquinho-da-índia? Ele poderia usar coleira com arreio. Mas será que seria um passeio animado? Seus pezinhos eram tão curtos e provavelmente não gostaria de caminhar por onde o Senhor Horácio queria ir. Por isso, ele resolveu procurar mais um pouco.

Ele viu um cachorrinho pequeno e se encantou de imediato. Esse será o amigo perfeito para passeios e carinhos, alegrou-se o Senhor Horácio. Ele comprou o cachorrinho na hora e o levou para casa.
Mas um cachorrinho pequeno não é tão simples assim. Eles querem brincar o tempo todo e precisam de brinquedos. O Senhor Horácio não pensou nisso e, no segundo dia, o cachorrinho já tinha mastigado o travesseiro.
“Ora, seu pequeno travesso”, disse o Senhor Horácio. Ele estava bravo, mas sorria. Afinal, era apenas um cachorrinho bobo.
Ele foi à loja para comprar um novo travesseiro.
Quando chegou em casa com o travesseiro, encontrou o edredom mastigado.
“Ah, eu deveria ter comprado o edredom também, seu danadinho” disse ao cachorrinho, balançando o dedo em advertência, e, em seguida, voltou à loja para comprar o edredom.
Quando voltou para casa, ele saltou na cama, e o cachorrinho pulou junto, aconchegando-se a ele, e assim dormiram os dois.
Dia após dia, o pequeno cachorrinho foi crescendo. O Senhor Horácio percebeu isso quando, certa noite, o cachorrinho pulou na sua cama, fazendo com que suas pernas rangessem e se quebrassem. “O cachorrinho está crescendo bem”, elogiou o Senhor Horácio.
“Amanhã vou te levar para uma longa caminhada para te cansar e te ensinar a andar ao meu lado”, prometeu o Senhor Horácio ao cachorrinho, acariciando-o atrás da orelha, e então adormeceu.
No dia seguinte, ele colocou o cachorrinho no carro e partiu para a periferia da cidade, onde havia um campo e uma floresta. O cachorrinho ficou muito feliz. Assim que o carro parou, ele saiu disparado, e como já era um cachorrinho bem grande, puxou o Senhor Horácio pela coleira, que mal conseguia acompanhá-lo.
“Junto, junto”, chamava o Senhor Horácio.
Mas um cachorrinho é um cachorrinho. Saiu correndo como um trator. O Senhor Horácio queria ir por outro caminho, mas o cachorrinho teimosamente insistia em ir para onde queria. O Senhor Horácio olhava ao redor – já tinham passado por aquela árvore pelo menos quatro vezes. E pela quinta vez – era a mesma árvore de novo! Afinal, o cachorrinho estava dando voltas em torno da rotatória! Que tipo de passeio era aquele?
“Para mim é devagar e para a floresta”, exclamou o Senhor Horácio, dando um tapinha suave no traseiro do cachorrinho.
O cachorrinho arregalou os olhos e, como um cavalo desgovernado, disparou pelo campo. Arrastou o Senhor Horácio pelo matagal e continuou correndo. O Senhor Horácio mal conseguia mover as pernas para acompanhar o cachorrinho.
Naquele momento, uma vizinha passava com sua filhinha.
“Olha, mamãe”, disse a menininha. “Olha o Senhor Horácio voando!”
“Onde?”, perguntou a mamãe, olhando para o céu.
“Não no céu, ali, atrás do cachorrinho na coleira, está voando o senhor Horácio, nosso vizinho.”
O senhor Horácio mal teve tempo de acenar para elas antes de desaparecer no matagal, puxado pelo cachorrinho.
Logo adiante, uma enorme poça de lama os aguardava. O cachorrinho finalmente parou ali e começou a se rolar na lama, todo contente.
“Acho que comprei um porquinho disfarçado de cachorro”, queixou-se o Senhor Horácio para si mesmo, tentando recuperar o fôlego.
O cachorrinho, agora satisfeito, caminhou exemplarmente ao lado dele até o carro. Mas tanto ele quanto seu dono estavam completamente cobertos de lama.
Quando chegaram em casa, o Senhor Horácio lavou o carro, depois o cachorrinho e, por fim, teve que se lavar também.
À noite, estava tão cansado que caiu na cama e adormeceu. Mas, apesar do cansaço, estava muito feliz: tinha um amigo muito alegre, não estava mais sozinho e, com certeza, não teria como se entediar com o cachorrinho.E o cachorrinho? Também estava exausto. Deitado ao lado do Senhor Horácio, ainda mexia as patas enquanto dormia, como se estivesse sonhando que estava novamente passeando ao lado de seu amado dono.