A cidade inteira já dormia. Tudo estava quieto e escuro, exceto por uma única janela no sótão de uma casa, onde ainda brilhava uma pequena luz. Ali escondido debaixo do cobertor, estava César, um menino curioso e cheio de imaginação. Com uma lanterna, ele iluminava as páginas de um livro e já passava da hora de dormir, mas ele simplesmente não conseguia parar, pois amava ler com todas as suas forças.
Naquela noite, ele estava mergulhado em uma aventura muito emocionante: dois amigos tentando salvar um ursinho coala das mãos de caçadores malvados. Eles corriam perigo, e o coração de César batia mais rápido conforme ia lendo. Ele devorava palavra por palavra, ansioso para saber o que viria a seguir.
Mas, ao virar a página, algo inesperado apareceu. Não era a continuação da história. Em vez disso, havia símbolos misteriosos, como se fossem palavras encantadas, escritas em uma fonte antiga e diferente, como um feitiço.

César primeiro passou o dedo pelas letras e depois leu em voz baixa: “Não fique aí parado, voe como um pássaro. Viva esta história você mesmo e entre no livro conosco”. Nesse momento, o cobertor se levantou, o livro começou a brilhar e a flutuar sobre a cama. Lentamente, tudo a sua volta começou a girar, e aos poucos foi acelerando tanto, que criou um redemoinho. César já não podia mais ver nada ao seu redor com clareza e tudo parecia em movimento.
Ele olhou em volta, confuso, sem entender o que estava acontecendo. De repente, tudo ficou em silêncio e ele se viu em meio a uma floresta densa, com árvores altas por todos os lados e pássaros coloridos voando entre os galhos. Foi então que César percebeu que estava dentro de um livro. De alguma forma, havia sido transportado para dentro da história que estava lendo. Aquilo só podia ter acontecido por causa do feitiço que apareceu na última página.
César olhou ao redor, ainda tentando entender onde estava, quando ouviu os dois amigos da história gritando: “Rápido! Corra! Precisamos nos livrar deles, nos esconder e levar o coala para um lugar seguro!”. Eles estavam ali, bem diante de César, segurando o ursinho nos braços enquanto corriam o mais rápido que podiam. Atrás deles, dois homens os perseguiam, eram os caçadores. César entendeu imediatamente que os meninos estavam chamando por ele e, sem pensar duas vezes, começou a correr. Eles avançavam pela floresta, enquanto galhos e folhas os arranhavam, e a grama alta batia em suas pernas como chicotes, mas ninguém parava. Não podiam. Precisavam salvar o coala.
Logo César avistou uma luz entre as árvores. Era uma estação de resgate para animais ameaçados, que parecia ser apenas uma pequena cabana, mas para eles, era a única e melhor opção naquele momento. “Precisamos seguir a luz! Vamos nos esconder lá!”, gritou César para os amigos.
Eles rapidamente viraram e correram para a pequena cabana feita de madeira. Quando se aproximaram, começaram a gritar: “Socorro! Os caçadores estão nos perseguindo, temos um coala conosco!”.
Da cabana apareceu um homem que parecia um lenhador. Ele rapidamente os escondeu em segurança. Depois gritou: “Alan, Igor, peguem eles agora!”. De trás da cabana, dois cães enormes correram atrás dos caçadores maus. Depois de um tempo, os cães o arrastaram pelas calças até o dono da estação de resgate, que os amarrou e chamou a polícia. Em seguida, o dono verificou o coala e, claro, todos os três meninos, para ver se estavam bem. Tudo acabou bem e assim que foi possível, o dono devolveu o coala para a floresta, e elogiou os meninos por serem corajosos e valentes.
Depois de um tempo, o dono deu a César um papel com um feitiço e disse: “Quando você ler isso em voz alta, voltará para sua casa”. “Mas eu posso voltar aqui algum dia?”, perguntou César. “Pode, sempre que quiser. Basta ler o feitiço. Mas agora você precisa ir para casa. Cuide-se e não pare de ler. Os livros são histórias que sempre te dão algo. Sem eles, a vida seria triste”, concluiu o dono da estação.
César prometeu que não pararia de ler. Então ele pegou o papel com o feitiço, leu e, naquele momento, apareceu em sua cama com o livro na mão. Essa foi a melhor aventura que ele já viveu. Hoje César já é adulto, mas ainda gosta muito de livros. E mesmo que ele não entre mais nas histórias, as lê com total entusiasmo.
Que maravilha de história! Um encanto 🥰👏👏👏