Na terra encantada dos contos de fadas, havia muitos diabinhos. Eles moravam embaixo da terra em suas casinhas quentinhas. Eram diabos bonzinhos que mantinham a ordem e o fogo aceso embaixo da terra. Quando alguém era injusto ou malvado, eles levavam essa pessoa para trabalhar com eles por um tempo. Mas quando alguém era bondoso, usavam sua magia para ajudar.
Certa manhã, o diabinho Berto acordou com um som diferente. Da terra vinha uma voz doce, cantando como ele nunca tinha ouvido antes. Curioso, seguiu a música até chegar a um pequeno lago.

Sentada numa pedra, estava uma menina linda, com cabelos longos e brancos como a neve. Seus olhos brilhavam como uma nascente mágica. Era inverno e o lago estava todo congelado, havia neve por toda parte. Embora cantasse de forma encantadora, Berto percebeu tristeza em sua voz.
Ele se ajeitou: limpou a fuligem, alisou os pelos, arrumou o casaquinho… e juntou coragem para se aproximar. “Boa tarde, bela senhorita. Você canta muito bonito, mas parece estar triste. Posso ajudá-la de alguma forma?”, disse o diabinho.
A menininha olhou para Berto com seus olhinhos cristalinos e sorriu docemente. Naquele instante, o coração de Berto bateu mais forte. A menina o encantou completamente.
“Você é bondoso, diabinho. Obrigada pela preocupação, mas para mim é difícil encontrar alegria. Sou uma fada do inverno e não sei fazer mágica. Que tipo de fada sou eu, se não sei fazer feitiços? Assim eu só fico sentada aqui nesta pedra perto do lago congelado e canto. Essa é a única coisa que me dá prazer”, respondeu a fada tristemente.
“Querida fada, não fique triste. Magia não é brincadeira. Eu sei disso, pois sou um diabo mágico”, diz o diabinho Berto. A fada deixou escapar um pequeno sorriso, achando o diabinho engraçado. Quando Berto viu o sinal de um sorriso, seu coração ficou quentinho.
Ele queria fazer a fada rir mais ainda e começou a cantar e pular no ritmo: “Linda fada, não fique mais triste e olhe ao seu redor. Há muitos motivos para alegria, então não se preocupe mais. Não tem problema não saber fazer mágica, cada um tem talento para algo diferente. Então sorria e cante comigo”.
Berto cantarolava e pulava ao redor da fada, então ela não conseguiu se conter e começou a sorrir. Não dava para fazer diferente ao ver aquele diabinho tão fofo. Então ele se inclinou para a fada e sussurrou em seu ouvido: “Vou te contar um segredo. Você quer saber?”, a fada balançou a cabeça dizendo que sim.
Berto continuou: “É verdade que você não sabe fazer mágica, mas preciso te confessar uma coisa. Você me encantou completamente”. Mesmo tão branquinha como a neve, a fada ficou vermelha de vergonha. O diabo percebeu que a fada estava envergonhada, e começou a cantar novamente: “Por você, por você, eu iria até o céu”, a fada riu ainda mais e seu coração ficou leve. Descobriu que, mesmo sem magia, seu dom era outro: cantar de forma tão bonita que encantava quem a ouvia.
Desde então, na pedra do laguinho congelado, duas criaturas mágicas se encontram toda manhã. Elas são completamente diferentes. A fada é pura e branca como a neve, já o diabo Berto é preto e coberto de cinzas. Mas para eles nada disso importava. Eles se gostavam, se entendiam e se divertiam juntos. E no fim, era isso que realmente importava.