Certa vez, uma raposa faminta vagava pela floresta, procurando desesperadamente algo para comer. Estava com o estômago vazio e sua barriga já roncava alto.
“Ah, se ao menos eu encontrasse um pedacinho de queijo em algum lugar…”, suspirou, e seguiu caminhando entre as árvores da floresta.

De repente, um corvo começou a voar em círculos sobre sua cabeça. No bico, segurava um bom pedaço de queijo, que havia acabado de pegar do parapeito de uma janela. Pousou num galho forte e começou a saborear sua iguaria. O cheiro do queijo era delicioso, e a raposa logo começou a salivar.
Ela olhou fixamente para o corvo no alto da árvore e logo percebeu que precisava dar jeito de conseguir aquele lanche apetitoso. Mas como? Não conseguia subir em árvores. Ainda assim, era esperta — e sabia que cada um tem seu ponto fraco. Com o corvo, apostaria na bajulação.
Sentou-se então bem embaixo da árvore, levantou a cabeça e começou a elogiar o corvo:
“Ah, corvo, você é mesmo a mais bela de todas as aves! Suas penas negras brilham como seda ao sol. E essa postura majestosa… parece até um rei dos céus! A única coisa que me entristece é ouvir dizerem que sua voz não é lá muito bonita…”
O corvo ficou encantado com os elogios. O orgulho encheu seu peito, mas o último comentário o deixou irritado.
“Como assim não tenho uma voz bonita!?”, disse, ofendido. “Vou te mostrar agora mesmo como sei cantar maravilhosamente!”
E, querendo provar o seu talento, abriu bem o bico para soltar um forte grasnado.
No mesmo instante, o pedaço de queijo caiu direto no chão, bem aos pés da raposa. Ela não perdeu tempo: deu um salto, pegou o queijo e correu em disparada para sua toca.
O corvo ficou ali, parado no galho, com o bico vazio e o orgulho ferido. E pensou consigo mesmo:
— Bem feito para mim. Da próxima vez, vou pensar duas vezes antes de me deixar levar por tanta bajulação.