Era uma vez uma menina bonita chamada Florinda. Ela tinha cabelos muito bonitos, um lindo laço na tiara e um vestido maravilhoso. Mas de que adiantava isso, se ela não queria escovar os dentes? Quando sorria e mostrava seus dentes sujos com restos de comida, as pessoas franziam a testa, alguns até se sentiam mal. E quando falava e o mau hálito saía de sua boca, todos que prezavam suas vidas fugiam.
Os pais dela sempre insistiam para que ela escovasse os dentes. Inventavam as mais diversas recompensas e punições, até tentaram segurar Florinda e escovar os dentes dela, mas não deu certo. Florinda chutava, balançava os braços e até mordia. As ameaças de que, se não escovasse os dentes, eles doeriam e cairiam, foram em vão. Florinda não se importava. Jogou alegremente a escova pela janela e não escovou os dentes.

Florinda não tinha amigos, porque ninguém queria brincar com ela por causa do mau hálito. Até os animais começaram a evitá-la. Só os pais que já estavam meio que acostumados com o cheiro. Mas nada disso incomodava Florinda, ela definitivamente não começou a escovar os dentes.
Assim os dias passavam. Uma manhã, Florinda começou a sentir dor de dente.
“Aaaaiiiiiii!”, ecoou por todo o apartamento.
Os pais correram e logo começaram a consolar Florinda. A mãe abriu a janela, porque além do choro, um cheiro horrível saía da boca de Florinda.
“Isso vai precisar de um dentista”, disse o pai. Mas ele não deveria ter dito isso.
“Áááááá!” gritou Florinda de medo, até que as pessoas dos outros apartamentos saíram para o corredor, curiosas para saber o que era aquele barulho terrível.
No final das contas, os pais conseguiram, com a ajuda de alguns vizinhos, vestir Florinda, colocá-la no carro e levá-la ao dentista.
Na sala de espera, Florinda ficou teimosamente em silêncio e fez cara feia para todos. Os pais estavam muito tristes com isso, mas se consolaram pensando que o dentista saberia lidar com Florinda.
Mas não foi assim. Quando chegou a vez de Florinda e ela se sentou na cadeira do dentista, recusou-se a abrir a boca. O dentista implorou, ameaçou, prometeu recompensas, mas tudo foi em vão. Então, chamaram o zelador com um pé de cabra para ajudar a abrir a boca de Florinda.
Assim que a boca se abriu, um cheiro terrível se espalhou. O zelador não aguentou e pulou pela janela do consultório. A enfermeira e o dentista colocaram máscaras, o que ajudou um pouco.
“Você com certeza não escova os dentes”, disse o dentista para Florinda. Em seguida, comentou sobre o que os pais preocupados deveriam pensar disso — que estavam cuidando mal dos dentes da filha — e concluiu que o dente dolorido precisaria ser extraído, assim como todos os outros.
“Buáááá!”, gritou Florinda. Mas a enfermeira rapidamente se aproximou, mandou os pais para fora e, em poucos minutos, tudo estava resolvido. Florinda ficou sem nenhum dente.
“Como nossa menininha vai comer agora?”, perguntaram os pais.
“Compre um liquidificador e misture tudo para ela. Ela deve comer apenas alimentos em forma de purê e líquidos”, disse o médico.
E assim Florinda comia bifes com batatas batidos no liquidificador, como um purê. Isso não a incomodava muito. Ela estava principalmente feliz por não precisar escovar os dentes, afinal, ela não tinha nenhum. A única coisa que a incomodava era que, quando falava, ela tinha dificuldade para se expressar. Sem dentes, soava como se não fosse uma menininha falando, mas uma velha vovó.
Por isso, queridas crianças, escovem seus dentinhos, para que fiquem bonitos, saudáveis e não tenham mau hálito, e para que não acabem como a boba da Florinda.