Era uma vez uma menina chamada Ivana. Ela nunca dava uma resposta atravessada, e estava sempre bem arrumadinha e limpinha. Mas havia algo muito feio sobre ela. Ivana mostrava a língua para todo mundo. Você deve estar pensando que crianças às vezes fazem isso sem más intenções.
Mas Ivana mostrava a língua para todos que encontrava, o tempo todo e em todos os lugares. Até mesmo na escola, durante as aulas, ela mostrava a língua para a professora.
Sua mãe e seu pai ficavam muito tristes com isso. Eles explicaram para Ivana que mostrar a língua é indelicado e que ela não deveria fazer isso. Mas não importava o quanto falassem, Ivana continuava mostrando a língua. Quando atravessavam a rua, ela mostrava a língua para os motoristas que estavam parados. Numa loja, em vez de cumprimentar a vendedora, ela mostrava a língua. No hospital, em vez de cumprimentar as pessoas, ela mostrava a língua primeiro para a enfermeira e depois para a médica. Mas o pior de tudo era na escola. Ela mostrava a língua para a professora de manhã em vez de cumprimentá-la e, depois, várias vezes durante a aula.

Ivana não sentia dor na língua por ficar constantemente colocando ela para fora. Ela já tinha a língua tão treinada que a dela era até maior e mais longa do que a das outras crianças da sua turma. Ninguém se lembrava mais de como tudo começou. Sua mãe acha que Ivana começou a mostrar a língua assim que nasceu. Seu pai, por outro lado, acha que tudo começou mais tarde, quando Ivana começou a falar. Em vez de falar suas primeiras palavras, ela simplesmente mostrava a língua. Uma coisa era certa: assim que Ivana mostrou a língua pela primeira vez, ela continuou fazendo isso o tempo todo. E de propósito.
A mãe e o pai acharam que Ivana superaria isso com o tempo, se eles não dessem atenção. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, sua mania de mostrar a língua começou a piorar. Ivana mostrava a língua até para os animais e ainda fazia caretas com o nariz.
“Assim não dá, Ivana”, disse um dia o pai. “Não se mostra a língua para ninguém. Além disso, você faz isso com tanta frequência que já está quase sempre com a língua de fora. Quer parecer um São Bernardo ofegante?”
“Não estou nem aí”, respondeu Ivana, mostrando a língua para seu pai. Ainda fez uma careta com o nariz.
“A mamãe e eu convidamos o Doutor Patrício para vir à nossa casa hoje, ele talvez possa te curar disso.”
E conforme anunciado pelo pai, foi o que aconteceu. À tarde, o Doutor Patrício foi à casa de Ivana. Ele era um homem alto e magro, com uma língua comprida pendurada na boca. Uma língua que chegava até a cintura dele. Quando viu como todos olhavam para ele com espanto, sorriu e disse:
“Vocês estão surpresos com minha língua? Desde pequeno eu a mostrava para as pessoas. Foi por isso que ela cresceu tanto.”
Antes de continuar falando, o Doutor Patrício teve que limpar a boca com um lenço, porque é difícil engolir saliva com a língua de fora. Ele olhou para Ivana e ela mostrou a língua para ele na mesma hora. O médico assentiu e tirou vários instrumentos da sua maleta. Primeiro, ele examinou a língua de Ivana com uma luz especial. Depois, ele pegou um segurador de língua para mantê-la esticada. Com a outra mão, ele pegou uma régua e mediu a língua. Quando terminou, soltou a língua de Ivana. Ela mostrou a língua para ele novamente, mas o Senhor Doutor já estava escrevendo algo em um pedaço de papel.
“Se Ivana continuar a mostrar a língua assim, vai acabar como eu. No momento, a língua já está três centímetros mais longa do que o normal.”
“Isso pode ser tratado?”, perguntou a mãe.
“Este é um caso incurável. Com o tempo, a língua dela vai crescer até o chão”, disse o Doutor Patrício, que enrolou a língua no bolso de seu jaleco e saiu.
Um tempo depois, a mãe e o pai também fugiram para não terem que ver sua filhinha se transformar em um São Bernardo babão com a língua até o chão.
Ivana não se importou nem um pouco. Pelo menos ninguém a obrigaria a se comportar bem e ela poderia fazer o que quisesse. Continuou a mostrar a língua para as pessoas e para os animais. Mostrava a língua até enquanto dormia. Não se importava nem um pouco que um dia sua língua cresceria e se arrastaria pelo chão.
Por isso, queridas crianças, pensem duas vezes antes de decidir como vão tratar os outros para que vocês não acabem como a incorrigível Ivana. Mostrar a língua é falta de educação e muito feio.