Era uma vez um mundo mágico chamado Terra da Não-Terra. Nesse lugar encantado viviam pessoas, mas também feiticeiros, terríveis lobisomens e pequenos duendes muito amigáveis.
Os feiticeiros faziam chover nos dias de seca e ajudavam as pessoas quando estavam doentes. As muralhas do reino eram protegidas por corajosos cavaleiros, sempre acompanhados pelos magos.

O Rei Floriano e seus filhos, os príncipes, viviam cercados de riqueza, fama e poder, mas também ajudavam todo o povo e todas as criaturas daquele mundo mágico.
Na floresta viviam os duendes, homenzinhos tão pequenos que não passavam do tamanho de um dedinho. Mas, apesar de minúsculos, tinham um papel muito importante.
Sempre que havia lua cheia e os lobisomens saíam dos esconderijos, os duendes corriam até o reino e as aldeias para avisar todo mundo do perigo. Quando isso acontecia, era preciso apagar todas as luzes e ficar em silêncio. Os lobisomens reagiam ao barulho e à claridade. Mas se tudo estivesse bem quietinho, todos ficavam a salvo da fúria deles.
Certa noite de lua cheia, os duendes Tim e Martin passeavam pela floresta cantarolando. Naquele dia, era a vez de eles cuidarem da floresta.
Antes do anoitecer, precisavam ir ao Vale dos Duendes para acordar os outros e avisar as pessoas da aldeia sobre o perigo.
Enquanto Tim dançava em cima de um tronco caído, se divertindo com as borboletinhas, Martin olhava o céu, preocupado:
“Vamos logo! Precisamos acordar os duendes. Já vai escurecer. Temos que avisar as pessoas”, disse Martin, apreensivo.
Tim coçou a cabeça, ajeitou seu chapéu pontudo e deu uma risadinha:
“Ainda temos tempo. Vem, a gente também merece se divertir!”
E voltou a dançar, sem se preocupar.
Martin sabia que, se não fossem logo para o vale, não conseguiriam avisar o pessoal a tempo. Então, resolveu ir sozinho.
Mais tarde, quando Tim finalmente se cansou de dançar, pensou:
“Martin já deve ter acordado todo mundo… Aposto que ele já está lá na aldeia avisando o pessoal. Posso descansar um pouco.”
Mas, no caminho de volta para casa, Tim encontrou Martin deitado debaixo de uma árvore, com cara de dor.
“Eu escorreguei numa folha e caí… Não consigo me levantar”, disse Martin, tristemente.
Ah, não! Se Martin estava ali e Tim tinha ficado dançando, então… quem tinha acordado os duendes?
Tim gelou. Ninguém. Ninguém tinha completado a missão.
Percebeu, na hora, o erro enorme que cometera.
Por que foi tão despreocupado? Se tivesse ido com Martin, tudo já estaria resolvido.
Sem pensar duas vezes, Tim colocou Martin nas costas e saiu correndo o mais rápido que conseguiu. Chegaram ofegantes à casa e começaram a bater tambores para acordar os duendes.
Os duendes pularam das camas, assustados.
“Já está anoitecendo!”, gritaram, sem entender nada.
“Não vai dar tempo de avisar ninguém!”, resmungaram, correndo em direção à aldeia.
Martin se deitou para descansar, ainda com dor, e Tim foi com os outros duendes, correndo o mais rápido que suas perninhas aguentavam.
“Eles já estão chegando! Corram! Se escondam!”, gritavam com toda a força.
As pessoas se olhavam, confusas. Era tarde demais. Todos começaram a correr para casa, trancando as portas com três fechaduras e apagando as luzes.
A aldeia mergulhou na escuridão.
Por sorte, conseguiram se esconder a tempo, menos os duendes, que ainda estavam na floresta. Eles se moviam bem devagar, silenciosos, torcendo para que nenhum lobisomem os ouvisse.
De repente, um uivo alto cortou o ar. O som de folhas sendo pisoteadas se espalhou. Algo corria rápido demais ao redor deles.
Tim sentiu o coração disparar. Sabia que tudo aquilo era culpa dele.
“Corram! Eu vou distraí-los!”, gritou Tim.
Os duendes saíram correndo em direção ao vale, e Tim gritou com toda a força dos pulmões:
“Ei! Eu estou aqui! Vem me pegar!”
Um lobisomem enorme apareceu e começou a persegui-lo.
Tim correu até um carvalho velho e se escondeu dentro do tronco. O lobisomem tentou alcançá-lo, mas não conseguia entrar. Tim tremia de medo, mas sabia que estava a salvo ali dentro.
Na manhã seguinte, tudo estava calmo. Os lobisomens já tinham ido embora. Ninguém se feriu. Todos estavam bem.
Tim entendeu, enfim, que precisava ouvir seus amigos. E que não podia agir com tanta irresponsabilidade.
Colocou em risco não só a própria vida, mas também a de todos os seres da Terra da Não-Terra.
Felizmente, com sua esperteza, conseguiu despistar o lobisomem e salvar os duendes. E, desde aquele dia, Tim nunca mais deixou de cumprir uma missão importante.