O inverno tinha chegado. A neve cobria tudo de branco: o telhado das casas, os galhos das árvores e até a janelinha do quarto, que estava cheia de geada. Todas as crianças da vila corriam para a colina, animadas para testar os trenós e jogar bolas de neve. Inclusive Boris. Ele era um menino curioso e cheio de energia. Mal podia esperar para pegar o trenó e andar na neve.
Boris correu até o celeiro atrás de casa, onde guardava o trenó. Mas, quando já ia saindo, ouviu um barulho estranho. Parou, escutou com atenção e perguntou: “Tem alguém aí?”. Ninguém respondeu. “Alô, tem alguém aí?”, repetiu. Ele estava curioso e não tinha medo nenhum. Foi então que o monte de feno começou a se mexer. Dois focinhos pretos apareceram, seguidos de quatro olhinhos brilhantes: eram dois gambás!

“O que vocês estão fazendo aqui? Não tenham medo, eu não vou machucar vocês”, disse Boris. Os gambás se aproximaram devagar e um deles respondeu: “Nós somos irmãos. No inverno os gambás se escondem na toca e dormem a maior parte da estação. Mas desta vez não conseguimos entrar. O inverno chegou muito rápido e nossa toca ficou coberta de neve. Por isso estamos escondidos aqui no celeiro. Estamos exaustos e já devíamos estar dormindo. Por favor, não fique bravo conosco!”.
“Eu não estou nem um pouco bravo. Vou ajudar vocês!”. Boris largou o trenó e começou a trabalhar. No feno, ele fez dois ninhos e os forrou com cobertores e capim seco. “Pronto! Vocês podem descansar aqui durante o inverno. Vocês vão ficar quentinhos e vou sempre passar para ver se vocês estão bem”, disse o menino aos gambás.
“Obrigado, você nos salvou!”, disseram os gambás, felizes. Eles se aconchegaram e logo pegaram no sono. Boris ainda esperou um pouquinho, para ter certeza de que estavam dormindo, e então foi brincar com o trenó na colina. Ao voltar, guardou o trenó silenciosamente no celeiro e foi ver como estavam os dois gambás que dormiam. Ele ficou muito feliz por ter ajudado.
Durante todo o inverno, Boris visitava os gambás, sempre em silêncio para não acordá-los. Quando a neve derretesse, ele sabia que seria hora dos animais voltarem para o mato, para encontrar suas tocas, comida e a família de gambás.
Esse dia chegou e os ninhos ficaram vazios. Boris ficou triste por não conseguir se despedir, mas logo encontrou no chão uma caixinha embrulhada com um bilhete. Dentro havia uns sininhos lindos de presente. O bilhete dizia: “Estes sininhos são para o seu trenó ficar ainda mais legal. Muito obrigado por nos salvar. Assinado: Seus amigos gambás”.
Boris ficou radiante! Colocou os sininhos no trenó e ficou muito feliz por ter ajudado os gambás naquele dia. Assim prometeu a si mesmo: sempre que pudesse, ajudaria os animais em apuros.