Sobre o urso polar

Em uma terra coberta por geleiras vivia um urso polar solitário, que não precisava de amigos nem de uma companheira, pois se sentia contente morando sozinho, andando sobre as placas de gelo, rolando na neve e nadando na água gelada. Fazia sempre o que queria, quando queria, e acreditava ser feliz por não precisar cuidar de ninguém. Até que um dia algo aconteceu e mudou completamente a vida daquele urso polar.

Era bem cedo, o sol começava a nascer devagar e a neve brilhava por toda parte. O urso polar ainda dormia quando sentiu algo empurrando sua pata. Ele abriu os olhos sonolento, se espreguiçou e olhou. Bem ali, debaixo da pata, estava um ovo.

Contos para crianças - Sobre o urso polar
Sobre o urso polar

O urso saltou para trás desconfiado. O ovo começou a se mexer, rachou, e dele nasceu um pequeno pinguim, que olhou para o urso e disse: “Mamãe!”

“Não não, eu não sou sua mamãe. Eu sou um urso polar macho, não fêmea”, disse o urso.

“Papai?”, perguntou a pinguim. “Também não! Eu sou um urso polar e você é um pinguim.”, explicou ele.

“Ah, papai!”, respondeu o pinguim.

“Não sou seu papai. Como eu poderia ser seu papai? Nós moramos em lugares diferentes. Eu vivo no Polo Norte, e os pinguins vivem no Polo Sul, do outro lado do planeta”.

O pinguim apenas olhou para ele sem entender.

“Bem, mas não tem problema. Deve ter sido o vento que te trouxe aqui”, disse o urso.

“Vento”, repetiu o pinguim baixinho se aconchegando na pata peluda do urso polar.

“Quer saber? Vem! Vamos encontrar seus pais”, decidiu o urso. Então pegou o pinguim em suas grandes patas e partiram.

Eles procuraram em todas as direções, mas não encontraram ninguém. Nenhuma pegada na neve, nenhum outro pinguim por perto. Era apenas o urso e o pequeno pinguim. 

Depois da longa busca, ambos estavam com fome. O urso conseguiu comida, os dois comeram e, cansados, foram dormir na toca do urso. O pequeno pinguim veio timidamente até ele e se aninhou ao seu lado. O grande urso solitário não sabia o que fazer, e se mexia, incomodado, porque nunca tinha dividido seu espaço com ninguém. Mas quando olhou para o pinguim, viu como ele se aconchegava procurando proteção. Então, sentiu o coração aquecido. Naquele instante, soube que precisava cuidar dele.

Os dias foram passando e o urso se acostumou a ter companhia. Começou a gostar do pinguim, mesmo sem querer admitir no início. Tornaram-se amigos e viveram muitas alegrias juntos. O urso descobriu que, quando temos alguém para dividir a felicidade, ela fica muito maior.

Um tempo depois, quando o pinguim já estava crescido, o urso avistou algo no horizonte: em um bloco de gelo que flutuava na água vinham dois pinguins. Eles olhavam para todos os lados, como se estivessem procurando alguma coisa.

Ao se aproximarem, perguntaram: “Bom dia. Há alguns meses, durante uma tempestade de neve, tínhamos um ovinho. Tentamos protegê-lo, mas o vento o arrancou de nós. Desde então, procuramos por nosso filhote. Você viu por aqui um pinguim abandonado?”

Naquele momento, o jovem pinguim saiu da toca do urso polar. Ele olhou para os dois e não conseguia entender o que estava acontecendo.

“Papai? Mamãe?”, disse baixinho o pequeno pinguim.

“Encontramos você!”, gritaram os pais, correndo até ele.

Todos se abraçaram e ficaram muito felizes. Os pais agradeceram muito ao urso polar por ter cuidado tão bem do seu filhote.

Conversaram bastante sobre tudo o que aconteceu e ouviram o pinguim contar suas aventuras com o urso polar. Seus pais entenderam que uma grande amizade havia nascido ali. Por isso, decidiram ficar por ali e construir uma casa pertinho do urso.

Desde então, o urso polar nunca mais ficou sozinho. Descobriu a alegria de viver junto de alguém querido. 

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