Há muito, muito tempo, quando as pessoas ainda levavam uma vida simples e serviam fielmente ao rei — ajudando inclusive na colheita —, vivia também um velho pescador.
Ele, além de vender peixes no mercado, também fornecia alguns peixes frescos para o rei no castelo, o que lhe rendia algumas moedinhas de cobre a mais.
Sua esposa, no entanto, estava doente. Os filhos, já adultos, haviam se mudado havia muito tempo com suas próprias famílias para uma aldeia ali perto. Por isso, o velho pescador e sua esposa precisavam se virar sozinhos.

A doença já deixava a esposa cada vez mais fraca, e isso preocupava profundamente o pescador. Mesmo com o dinheirinho extra que recebia do castelo, ainda era pouco para comprar os remédios caros.
Por isso, o velho pescador se esforçava ao máximo para pescar o maior número de peixes que conseguisse. Com isso, podia tentar vender mais no mercado e comprar pelo menos algumas ervas e remédios para cuidar de sua amada.
(“Eu daria tudo pela minha querida esposa”, pensava ele.)
Um certo dia, bem cedinho da manhã, o velho pescador saiu mais uma vez para pescar. Mas já fazia um tempão que não tinha sorte. No mercado, já não tinha mais nada para vender e, quando conseguia pescar alguma coisinha no anzol, guardava um peixinho para sua família e o resto levava direto para o reino. Mas ele precisava de dinheiro para o remédio.
O pescador estava sentado num baldinho virado de cabeça para baixo, com seu chapéu de palha na cabeça, olhando para o lago pertinho da sua aldeia.
“O que está acontecendo, peixinhos? Parece que vocês não querem mais aparecer.”, disse o pescador tristemente ao olhar para a água brilhante.
Ele assobiava baixinho e torcia para que, depois de tanto tempo esperando, finalmente conseguisse pescar alguma coisa. Foi quando a vara de pescar se envergou de repente. O peixinho fisgou a isca — finalmente!
O pescador puxou, mas nada aconteceu. Franziu as sobrancelhas.
“O que está acontecendo? Será que fisguei algo grande?”, murmurou.
E então ele ficou em pé, se firmou e puxou com força. Para sua surpresa, ainda tinha muita força no corpo! E então, da água que espirrava para todos os lados, ele tirou o peixinho.
Mas não era um peixinho qualquer, era um peixinho dourado!
E todos já tinham ouvido histórias sobre peixinhos dourados… Diziam que eram mágicos e podiam realizar três desejos secretos daqueles que os libertassem.
O pescador olhou para o peixinho que se debatia em seu anzol. De repente, ele parou de se mexer e falou:
“Você é o único que conseguiu me pescar depois de tantos anos. Vou realizar três desejos seus. Mas, depois disso, você precisa me soltar. E lembre-se de que os desejos devem ser sensatos”, disse o peixinho, cujas escamas brilhavam como moedas de ouro no sol.
O pescador, incrédulo, tirou o chapéu de palha da cabeça grisalha e falou com voz meio trêmula:
“Sim… sim, vou te soltar.”
O peixinho, então, o convidou a fazer um pedido.
Mas o pescador sabia que precisava pensar com sabedoria. Não queria desperdiçar os três desejos com bobagens.
“Desejo que eu tenha sucesso na pesca por toda a vida”, disse o pescador, expressando seu primeiro desejo.
O peixinho assentiu:
“Assim será. Um desejo muito sábio.”
O pescador então pensou sobre o segundo desejo. Quando tivesse os peixinhos, teria também moedas e ducados de sobra. Ele não precisa de tanta riqueza assim, isso deixa as pessoas pouco sensatas. No entanto, sua esposa estava doente. Talvez pudesse comprar até um remédio caro, só para ver se funcionaria, pensou consigo mesmo.
Por fim respondeu:
“Desejo que eu e minha família sejamos todos saudáveis e felizes”, disse o pescador, fazendo seu segundo pedido.
O peixinho acenou concordando.
O pescador ficou pensativo. Realizou um desejo para si mesmo, pois sempre terá muitos peixes. Realizou também um desejo também para sua família, pois todos serão saudáveis e felizes. E, com isso, talvez sua esposa finalmente se curasse.
Ele então pensou em como usar o último desejo.
“Desejo que todo o nosso reino e nossa aldeia real tenham prosperidade”, disse por fim, usando seu último pedido com sabedoria.
“Que assim seja!”, piscou para ele o peixinho dourado, quando o pescador o soltou na água.
E tudo isso realmente aconteceu. Quando o pescador voltou para casa com o balde cheio de peixes, não conseguia acreditar nos seus próprios olhos. Sua esposa cantava alegremente no quintal, onde pendurava as roupas. Suas costas não doíam mais, nem a tosse a incomodava! Parecia um milagre, ela estava saudável. E não era só isso: todo o reino transbordava de fartura e prosperidade.
E tudo isso só porque o pescador decidiu usar seus desejos de forma bem sensata. Ele poderia ter desejado ouro, prata ou poder, mas escolheu agir com sabedoria. E foi justamente por causa dos seus desejos tão sensatos que sua família e todo o reino ficaram realmente bem.
Ele não contou para ninguém sobre seus desejos, mas ficou muito grato por ter sido justamente ele quem encontrou o peixinho dourado e conseguiu realizar o que era certo. Desde então, ele também passou a contar histórias sobre o peixinho dourado para seus netinhos na hora de dormir. E eles sonhavam que um dia iriam pescá-lo e que o peixinho realizaria seus sonhos secretos.