Sara, a paciente sorridente

Era uma vez, um grande prédio que ficava no final de uma cidade. Ele tinha muitas janelas, três andares, era cinza e, à primeira vista, parecia um lugar triste. Era um hospital infantil para crianças doentes. Algumas ficavam ali por pouco tempo, precisavam apenas de cuidados temporários e podiam voltar para a casa. Outras, tinham que ficar vários dias, pois estavam muito doentes. Algumas foram até trazidas pela ambulância, e uma dessas crianças era a Sara.

Sara era uma menina com cabelos pretos lisos e um lindo sorriso, mas com uma doença no coração. Ela estava no hospital há muito tempo e, por isso, conhecia todos os médicos e enfermeiras. Ela tinha que andar muito devagar pelo hospital, pois não podia ficar sem fôlego ou seu coração não aguentaria. Com o tempo, ela se acostumou e, apesar de estar doente, continuava sorrindo e espalhando alegria para os outros. Ela se propôs a aproveitar cada dia no hospital e alegrar as outras crianças, os médicos e as enfermeiras.

Contos para crianças - Sara, a paciente sorridente
Sara, a paciente sorridente

Certa manhã, enquanto Sara dormia levemente, ouviu um choro suave que vinha de algum dos quartos. Ela se levantou devagar e foi ver de onde vinha o choro. A três quartos de distância, havia uma porta entreaberta. Sara espiou e viu um garoto mais ou menos da sua idade, sentado na cama, com a cabeça apoiada nas mãos e chorando baixinho.

Sara se aproximou com cuidado, sentou-se ao lado dele e perguntou: “Oi, você é novo aqui, não é? Posso perguntar por que você está tão triste? Está sentindo dor?”. O garoto olhou para ela e respondeu de forma brusca: “Deixe-me em paz e vá embora. Estou doente, como você acha que eu estou me sentindo?”.

Ela não esperava por isso, mas não disse nada e foi embora. Sara sabia que ele não tinha a intenção de agir assim, só estava muito preocupado com algo e de mau humor. Entretanto, como nossa pequena paciente era uma menina inteligente, ela não desistiu. Afinal, não iria se deixar abalar pelo mau humor do novo garoto. Ela começou a perguntar às enfermeiras quem ele era, qual era sua doença e o que poderia estar o incomodando. Descobriu que o novo paciente se chamava Otávio e que estava com o joelho machucado. Ele era atleta e tinha grandes competições pela frente. Mas, com o joelho machucado, não poderia participar, mesmo tendo treinado duro por muito tempo. Agora, ao invés de competir, ele estava deitado no hospital e todo aquele esforço parecia em vão. 

Sara pensou no que poderia fazer para que ele não ficasse tão triste, até que teve uma ideia. Havia muitas crianças ali e ela poderia organizar uma competição mesmo no hospital. Primeiro, convenceu os médicos e enfermeiras a deixá-la fazer isso. Depois, escolheu o corredor mais longo do hospital. Decorou tudo, fez medalhas e pequenos prêmios para os participantes. Então, convocou todas as crianças do hospital. Algumas apenas assistiram, outras competiram em cadeiras de rodas e algumas conseguiram participar andando. Os médicos e enfermeiras supervisionaram para que tudo corresse bem e sem acidentes.

Para Otávio, tudo seria uma surpresa. Para que ele não suspeitasse de nada, Sara combinou com a enfermeira para levá-lo em uma cadeira de rodas dizendo que ele iria fazer alguns exames. Em vez de levá-lo para a enfermaria, ela o levou para o corredor, onde estavam acontecendo as corridas. Ele ficou completamente surpreso e muito feliz. Participou de tudo o que pôde. Para ele, foi o seu dia mais feliz no hospital. 

À noite, enquanto estava sentado na cama segurando a medalha que ganhou, pediu para Sara vir ao seu quarto. Ele se aproximou lentamente, e perguntou: “Por que você fez tudo isso? Eu fui grosso com você. Me desculpe”. “Você não foi grosso, apenas estava muito triste. Estou aqui há alguns meses e sei que todos que vêm aqui estão tristes. Mas não é tão ruim assim e eu queria te mostrar isso”, respondeu Sara. Otávio agradeceu e abraçou Sara. Ele ficou feliz por ela ter mostrado que as coisas não são tão terríveis quanto parecem.

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