Otto era um aviãozinho de patrulha, que voava de ponta a ponta no céu. Ele era amarelo como o sol e tinha uma linda águia pintada em suas asas. Em seus vôos, Otto dava cambalhotas, girava em todas as direções e fazia as melhores acrobacias.
Ele sabia voar muito bem, mas não gostava de passar por nenhuma revisão. Otto era muito orgulhoso e repetia sem parar: “Eu nunca vou quebrar ou precisar de conserto. Sou o melhor!”. E por muito tempo foi mesmo assim. Até o dia em que tudo mudou.

Era uma tarde ensolarada. O inverno estava acabando e a brisa agradável da primavera começava a soprar. No céu, havia algumas nuvens e entre elas voava o aviãozinho Otto. Ágil, ele se deslocava entre as nuvens e planava ao vento. Então, ele quis voar mais rápido e acelerou. Mas acelerou tanto que ficou perigoso. Quase não dava para vê-lo, no céu só se via uma faísca branca por onde ele passava.
Depois de aproveitar bastante, decidiu diminuir a velocidade. Nesse momento, algo fez um “clique” dentro dele e ele não conseguia mais frear. Tentou parar, queria pousar no chão, mas os controles estavam travados. Otto voava numa velocidade enorme no céu sem saber o que fazer.
Depois de um tempo, os passarinhos perceberam. Eles ficaram espantados ao ver o quão rápido o avião passava por eles, sem frear ou sequer manobrar. Os passarinhos tentaram perguntar o que ele estava fazendo e Otto gritou rapidamente: “Estou quebrado! Não consigo parar!”. Os passarinhos logo imaginaram tudo o que poderia acontecer e todos os lugares em que ele poderia bater. Quanto tempo o pobre aviãozinho teria que ficar voando em círculos no céu até ficar sem combustível? Isso não podia continuar. Então eles acenaram para Otto e gritaram: “Nós vamos te ajudar, não tenha medo!”.
Eles voaram para o campo mais próximo, onde havia mais espaço livre. Os passarinhos procuraram as aranhas, explicaram tudo à elas e pediram que elas tecessem uma teia entre as árvores que cercavam o campo para servir de rede. Então, disseram para o aviãozinho voar para dentro da teia, pois ela o prenderia e o salvaria. As aranhas começaram logo a trabalhar e entre as árvores formou-se uma teia bem firme. Depois de um tempo, as aranhas disseram: “Pronto! Chamem o aviãozinho Otto”. Os passarinhos subiram ao céu para orientar o avião até a teia. Otto no início, não acreditou muito. Tinha medo da teia se romper e ele bater, mas não tinha escolha.
Por fim, mudou de direção e voou direto para a teia criada. Ao colidir com a teia, ela não rompeu e nem quebrou. Apenas cedeu, freando o aviãozinho calmamente até ele parar por completo. Os passarinhos e as aranhas começaram a pular de alegria. Ficaram felizes pelo plano ter dado certo e nada pior ter acontecido. E o Otto? Nunca se esqueceu do que os animais fizeram por ele. Desde então deixou de ser orgulhoso. Sabia que não era invencível e nem infalível. Passou a fazer revisões regulares para poder voar com os passarinhos e não machucar ninguém. Nem a si mesmo.