Toninho morava perto da floresta. Ele tinha cabelos castanhos encaracolados que se enrolavam em todas as direções, suas mãos estavam sempre sujas, suas roupas rasgadas e raramente um sorriso aparecia em seu rosto. Ele era rabugento, carrancudo e sempre que podia, destruía ou sujava o que estava à sua frente.
Quando passeava pela floresta, ele não se comportava bem. Ele chutava cogumelos, jogava papel pelo caminho, arrancava samambaias e as jogava fora. Nada lhe agradava e ele não valorizava nada. Ele fazia isso quase todos os dias.

Os animais da floresta se incomodavam muito com isso. Afinal, Toninho estava destruindo o lar deles. Por isso, um belo dia, foi organizada uma reunião com todos os animais: tatus, porcos-espinhos, esquilos, passarinhos, veados, e até mesmo formigas. A reunião aconteceu debaixo da maior árvore e no maior galho, acomodou-se a coruja, o animal mais sábio da floresta. Ela tinha uma visão panorâmica de todos os animais que ali estavam.
Quando todos eles se acomodaram, a reunião foi iniciada, e a coruja perguntou: “Alguém tem reclamações sobre o Toninho?”. Os animais começaram a falar alto uns sobre os outros. Ele destrói o formigueiro, joga lixo na toca dos tatus e quebra o comedouro dos veados.
A coruja ouviu tudo e perguntou: “Como vamos fazer o Toninho parar com isso?”. Todos ficaram em silêncio. Eles não sabiam o que fazer. A coruja pensou e então disse: “Vamos mostrar a ele que não é assim que se comporta na floresta. Cada um de nós sabe fazer algo. Vamos aproveitar isso!”. Os animais imediatamente elaboraram um plano.
No dia seguinte, os animais estavam a postos esperando Toninho. Ele passeava pela floresta sem ter ideia do que estava por vir. Então, o menino levado chegou ao primeiro cogumelo, se preparou e chutou com toda a sua força. Mas ele não imaginava que bem atrás do cogumelo os animais tinham colocado uma pedra e no instante em que ele deu o chute, acertou em cheio a pedra dura. Agora, com dor, Toninho segurava o pé e se lamentava.
Depois de um tempo, ele ficou ainda mais irritado. Ele foi até o comedouro, começou a empurrar lixo para dentro e tentou quebrá-lo com um pau. Mas então, castanhas e pedrinhas começaram a cair sobre ele. Os animais miravam diretamente em Toninho e o acertavam. Toninho olhava ao redor, tentando entender o que estava acontecendo. Ele não sabia que eram os esquilos escondidos na árvore, jogando todo o estoque que haviam acumulado.
Toninho já estava ficando sem forças e com a perna dolorida. Na verdade, tudo doía por causa da chuva de castanhas e pedrinhas. Muito cansado e irritado, ele se sentou embaixo da maior árvore da floresta. Enquanto estava sentado, começou a arrancar os musgos que estavam nela e as plantas que cresciam perto. Assim que a árvore sentiu isso, ela se sacudiu e derrubou sobre Toninho todas as pinhas que tinha em si. Agora, sob a árvore, só era possível ver a cabeça de Toninho saindo da pilha de pinhas. Ele não entendia o que estava acontecendo.
Depois de um tempo, uma coruja voou, pousou graciosamente na frente de Toninho e disse: “Toninho, já faz muito tempo que vemos você por aqui. Todos os animais te conhecem e também veem como você se comporta mal na floresta. O que aconteceu hoje não foi por acaso, fomos nós que fizemos tudo isso. Queríamos te mostrar o que você não deve fazer, porque isso nos machuca. E eu prometo que, se você não melhorar suas atitudes, faremos com que você nunca mais entre na floresta. Pense bem!”. Então a coruja foi embora, mas Toninho continuou sentado entre as pinhas, refletindo sobre o que a coruja lhe disse.
O menino não apareceu na floresta por um bom tempo. Só voltou depois de algumas semanas e parecia diferente. Ele estava limpo, bem vestido e carregava uma vasilha cheia de castanhas. Ele as colocou no comedouro para os animais e foi embora.
Quando os animais se reuniram no comedouro, encontraram um bilhete. Nele estava escrito: “Queridos animais, sinto muito por ter machucado vocês e destruído seu lar. Vocês me mostraram como me comportar e que é melhor valorizar e aproveitar a natureza do que destruí-la. Eu melhorei graças a vocês. Mesmo que não tenha sido fácil, estou muito contente. Muito obrigado”.
Os animais estavam felizes que tudo acabou bem. Desde então, eles sempre esperam por Toninho e, mal ele aparece na floresta, todos correm para lhe mostrar as maravilhas de seu lar. E Toninho? Descobriu que é melhor sorrir do que ser rabugento, mal-humorado e sem educação.