Há muito, muito tempo, uma pobre menina chamada Helena servia a um fazendeiro cruel e ganancioso. Seu senhor era avarento e a obrigava a fazer todo o trabalho, para não precisar pagar outras pessoas.
Helena era órfã e, por isso, tinha que suportar tudo o que o fazendeiro e sua esposa inventavam para ela. Helena cuidava do gado, cozinhava, arrumava a casa… enfim, fazia tudo o que lhe mandavam.

Certa noite, Helena entrou no estábulo para ordenhar as vacas, como de costume. De repente, ouviu um som estranho e percebeu que algo rastejava no canto. Ela se aproximou e viu uma serpente com uma coroa dourada na cabeça. Após o susto inicial, percebeu que a serpente olhava para o balde de leite.
“Você deve estar com sede, não é?”, disse Helena, inclinando o balde para a serpente. O animal rastejou até o balde e começou a beber. Parecia estar com muita sede, pois bebeu tanto que parecia que nem caberia dentro de sua barriga.
Helena ficou feliz por ajudar a serpente sedenta, mesmo com medo de levar uma bronca. Ela era sempre muito cuidadosa com a quantidade de leite. Mas, então, algo estranho aconteceu: no balde havia até mais leite do que de costume!
Desde então, a serpente com a coroa aparecia no estábulo todas as noites e todas as manhãs. Helena sempre lhe dava leite para beber, e, como um milagre, tudo o que o rei serpente bebia reaparecia no balde, junto com um pouco mais. Foi assim por vários anos, e Helena crescia cada vez mais bonita. Quando atingiu a maioridade, conheceu na vila um rapaz muito bondoso chamado Jorge, que se encantou por ela. E os dois então se casaram. Durante a festa de casamento, de repente, sem que ninguém esperasse, o rei serpente rastejou até a noiva, Helena. Ele tirou de sua cabeça a coroa dourada e rastejou para longe.
Helena guardou a coroa do rei serpente em seu saquinho de moedas e, naquele instante, manifestou-se outra magia do rei serpente. Todo o dinheiro gasto sempre reaparecia no saquinho, junto com algo a mais. Helena, embora tivesse trabalhado duro desde a infância e pouco conhecesse o amor, a partir de então não se preocupou mais com a falta de dinheiro, pois foi cercada pelo amor de seu marido Jorge e, depois, pelo amor de seus filhos.