Em uma floresta vivia um pequeno ratinho cinza. Esse ratinho gostava muito de cores e adorava flores. Mas o que ele mais gostava era dos pássaros. Ele gostava especialmente dos pintarroxos, que tinham penas vermelhas tão bonitas. O ratinho os invejava tanto. Ele era todo cinza, uma cor tão comum. Ele desejava muito ter um pelo tão vermelho quanto as penas dos pintarroxos.
Então ele foi até a sábia coruja.
“Sábia coruja, eu gostaria de ser vermelho como os pintarroxos. Diga-me onde posso encontrar essa cor para pintar o meu pelo”, perguntou o ratinho.
“Ratinho, seu pelo é bonito. Cada um de nós é como é por uma boa razão”, respondeu a sábia coruja.
Mas o ratinho não queria ouvir aquilo.

“Eu quero ser vermelho. E farei qualquer coisa para pintar meu pelo”, disse o ratinho para a coruja.
“Muito bem. Tente perguntar à pega, aquela ave que adora coisas brilhantes. Ela voa até as pessoas, tem um ninho cheio de coisas, talvez tenha algo que possa te ajudar”, aconselhou finalmente a coruja, que logo adormeceu.
O ratinho saiu satisfeito e foi para debaixo da árvore onde a pega morava.
“Pega, por favor, apareça! Você não tem algo que possa mudar a cor da minha pelagem cinza?”, chamou o ratinho.
A pega se inclinou para fora do ninho e balançou a cabeça.
“De jeito nenhum. Eu só tenho enfeites aqui. Se você quisesse um anel ou um brinco, eu teria. Mas nada dos meus tesouros pode mudar a cor do seu pelo. Mas ouvi umas pessoas contando uma história sobre nozes mágicas. Tente perguntar ao esquilo se ele sabe de algo a respeito.”
O ratinho agradeceu e correu atrás do esquilo.
“Esquilo, esquilo, você tem uma noz mágica? Não quero ser um ratinho cinza comum, quero ser um ratinho vermelho.”
“Mas, ratinho”, disse o esquilo, “nozes mágicas existem apenas em contos de fadas. Elas não vão mudar a cor do seu pelo. Se o falcão te visse…”
“O falcão vai me ajudar, é isso. Até logo e obrigado!”, interrompeu o ratinho, já saindo correndo para procurar o falcão.
“Espere, ratinho, não vá por aí!”, chamou o esquilo atrás dele, mas o ratinho já estava longe e não ouviu seu chamado.
O ratinho correu para a estrada perto do campo e olhou para o céu. Lá, viu um falcão, orgulhosamente pairando no ar.
“Falcão! Falcão! Eu gostaria de ser vermelho!”, chamou o ratinho.
“Ah, olha só, meu jantar!”, exclamou o falcão, já querendo pegar o ratinho para comê-lo.
O ratinho viu que o falcão não queria ajudá-lo, apenas comê-lo, e então pulou para a estrada e se encolheu. O falcão passou por ele, mas não o viu. O pelo do ratinho era tão cinza quanto a estrada perto do campo. E o falcão então voou para casa de mãos vazias.
O ratinho correu para o seu buraco. No caminho, encontrou a coruja.
“E então, ratinho, já descobriu como mudar a cor do seu pelo?”, perguntou a coruja.
“Não descobri. Mas já não quero mais ser vermelho. Estou feliz por ser como sou. Você tinha razão, coruja. Meu pelo cinza salvou minha vida hoje. Se eu fosse vermelho, não teria me escondido do falcão.”
“Muito bem, ratinho. Cada um de nós é como a natureza nos fez. E ela fez isso por um bom motivo”, filosofou a coruja, voltando a dormir em seu galho favorito.