Era uma vez um gatinho chamado Artur. Ele era preto e vivia com sua dona, Anabela, num apartamento no sexto andar. Ele adorava ficar sentado numa mantinha macia no parapeito da janela, de onde observava todo o movimento da cidade.
Artur gostava muito de morar ali. As luzes dos carros, os outdoors brilhando, os cheiros curiosos da rua — isso era o que mais fascinava Artur. Às vezes, Anabela o levava ao parque perto de casa, bem no coração da cidade, de onde ele podia ver a cidade inteirinha.

Era bem cedinho quando Anabela saiu para trabalhar. Artur não se importava de ficar sozinho. Ele podia observar a cidade ou brincar com seu novelo de lã.
“Tchau, Artur, e se comporta!”, disse Anabela, enquanto saía de casa.
Artur miou baixinho e pulou no parapeito, observando sua dona na rua. Ela correu para pegar o ônibus, mas o lenço vermelho que usava voou com o vento. Artur viu o lenço cair e, logo em seguida, ser pego por uma gatinha ruivinha.
“Ah, não! Esse é o lenço da minha dona!”, pensou Artur, preocupado.
Sem hesitar, passou pela janela entreaberta e se equilibrou no parapeito do lado de fora. Com seus olhos de gato, mirou a gatinha ruiva que estava admirando o lenço. De repente, ela o pegou na boca e saiu atravessando a rua.
“Ei, espera aí!”, gritou Artur, escorregando pela calha. Ele estava com medo, nunca tinha saído sozinho. Mas se outro gato conseguia, ele também conseguiria. Afinal, era um gato corajoso.
Caiu de quatro patas na calçada.
“Sai daqui, gatinho!”, gritavam algumas pessoas, enquanto Artur se enroscava nos pés delas, tentando seguir o cheiro da gata. Ele não sabia que as pessoas podiam ser tão hostis. Quando estava com Anabela, todos o acariciavam com carinho. A cidade parecia muito mais agitada e assustadora vista de baixo do que lá de cima, no conforto do lar.
Seguiu a gata ruiva até uma ruazinha estranha. Havia lixo por toda parte e um cheiro esquisito no ar. O perfume da echarpe e o cheiro da gata o levaram até ali. Com cuidado, Artur se esgueirou, procurando por ela.
“Peguei você! Me devolve essa echarpe!”, gritou Artur ao ver as costas da gatinha. Mas então percebeu que ela estava cobrindo seus filhotes, aconchegados numa caixa de papelão.
“Desculpa… encontrei esse lenço no chão. Só queria esquentar meus gatinhos. Eles estão com frio”, disse a gatinha tristemente.
Artur ficou pensativo. Percebeu que não deveria ter julgado tão rápido. Não sabia o que ela estava passando. E agora não conseguia tirar o lenço dela. Os filhotinhos tremiam de frio e pareciam não ter o que comer.
“Eu sou o Artur. Que tal se eu ajudasse vocês?”, perguntou.
A gatinha contou que nunca teve nome nem dono. Sempre cuidou dos seus filhotes sozinha.
“Minha dona pode ajudar. Ela dá comida, carinho… talvez até encontre um lar para vocês”, disse Artur com esperança.
A gatinha hesitou. Não confiava nos humanos porque eles sempre a enxotavam. Mas Artur insistiu, e ela resolveu dar uma chance.
Os dois gatos partiram juntos com os filhotes, tomando cuidado no caminho de volta.
As pessoas nem sempre gostavam de gatos de rua. A gatinha preferiu esperar na entrada do prédio, para não arriscar subir com os pequenos.
Quando Anabela voltou para casa e viu Artur com os gatinhos na porta, ficou surpresa.
“Artur, você arranjou novos amiguinhos?”, disse, abaixando-se.
Ela logo entendeu a situação. Levou todos para dentro, deu comida e água, lavou os pequenos e, no dia seguinte, levou-os ao veterinário.
“Vamos encontrar um lar para eles!”, prometeu a Artur.
Os filhotes ficaram sob os cuidados da veterinária até se recuperarem. Anabela não os levou de volta para o apartamento, mas manteve sua promessa. Encontrou um lar para eles na chácara da sua irmã, que adorava animais. Artur acompanhou tudo. Um dia, os dois foram levar os novos amiguinhos até lá.
A mamãe gata, agora com o nome de Bela, e seus dois filhotes, Lia e Tom, ganharam um novo começo. Bela voltou a confiar nas pessoas, e Artur ficou orgulhoso de ter feito parte daquela história.
Afinal, se o lenço de Anabela não tivesse voado naquele dia, Artur não teria conhecido a família de gatinhos e eles não teriam achado um lar tão maravilhoso como o que têm agora.
Minha netinha de 6 anos disse: “que historia bonitinha, vovó”!
Amamos essa história. Parabéns!
Verdade essa história vai se espalhar pelo país mesmo hein! Historinha bem linda e legal.