No meio da cidade havia um aeroporto enorme. Ali pousavam aviões grandes e pequenos. Os menores levavam turistas para passeios curtos, e os maiores voavam para longe, cheios de passageiros animados para as férias. Entre os aviões grandes, porém, havia um que não gostava de obedecer.
Ele só queria voar sem rumo, bem rápido, do jeito que quisesse. Não queria levar muita gente e nem seguir os trajetos combinados. Então decidiu voar por conta própria.

Tudo aconteceu em uma tarde bonita de sol. O avião desobediente ia voar para uma ilha distante. Quando as pessoas terminaram de embarcar, não havia lugar vago. O avião estava lotado. O piloto entrou na cabine, conferiu os comandos, deu as boas-vindas aos passageiros e ligou os motores. A decolagem foi calma e tudo estava indo como planejado. As pessoas estavam felizes, o piloto cuidava do voo e todos admiravam a paisagem..
Mas o avião começou a ficar sem paciência. Queria ser livre como um pássaro e voar sozinho. E, de repente, tomou o controle.Acelerou, subiu, desceu, virou bruscamente para os lados. O piloto apertava os botões, mas nada respondia. O avião havia desligado tudo.. Esqueceu completamente que carregava muitas pessoas.
Depois de um tempo, algo inesperado aconteceu. Do nada, nuvens escuras surgiram no céu. Elas se juntaram e, em poucos segundos, começou a chover. O vento ficou forte. A visibilidade acabou. A chuva batia no avião de todos os lados. O avião ficou com medo, pois não tinha força para enfrentar o vento e sentiu que precisava pousar.
Mas onde? Como ele tinha se desviado da rota, não havia aeroporto por perto. Então, bem ao longe, avistou um campo enorme, espaçoso e comprido. Reuniu todas as suas forças e foi até lá.
O piloto estava com medo, tentou ajudar, mas os controles ainda não funcionavam. O pouso foi duro: solavancos, freada, muito barulho. Mas, por fim, parou entre as plantações de trigo. Os passageiros começaram a aplaudir. Ficaram aliviados por tudo ter acabado bem.
O piloto agradeceu: “Obrigado, avião, por nos trazer em segurança! Você é o nosso herói”. Todos agradeceram, mas ninguém imaginava que foi por culpa dele que entraram na tempestade. O avião ficou envergonhado e teve que confessar: “Não sou herói. Embora tenha ajudado vocês, entramos na tempestade por minha culpa. Não gostava de voar seguindo regras, então desliguei os controles e voei do jeito que eu queria. Sinto muito. Agora sei que não posso ser tão desobediente. Preciso cooperar com o piloto e cuidar de quem confia em mim”. O avião abaixou as luzes tristemente.
Os passageiros e o piloto perdoaram o avião e estavam gratos por todos terem saído vivos. Concordaram em deixá-lo fazer alguns voos livres para se divertir. E o avião prometeu nunca mais pensar só em si mesmo e desobedecer.