O Anãozinho e o dragão

Era uma vez, há muito tempo, quando no mundo das pessoas ainda viviam criaturas mágicas: bruxas, duendes, dragões assustadores e também pequenos anõezinhos.

Bem no fundo de montanhas distantes existia um vale escondido, onde vivia um grande grupo de anõezinhos conhecidos pelo seu amor ao ouro. Muitos tentaram atravessar as montanhas para tomar os tesouros deles, mas sem sucesso. Os anõezinhos cavavam sem parar, enchendo seus vales e castelos com riquezas que brilhavam mais do que as estrelas no céu.

Histórias curtas para dormir - O Anãozinho e o dragão
O Anãozinho e o dragão

Num dia ensolarado, o anãozinho Roni decidiu cavar ouro no final do vale. Mas ninguém costumava ir até lá. Os anõezinhos mais velhos contavam que, naquele lugar, se escondia algo misterioso e muito perigoso. Enquanto os outros preferiam cavar em áreas seguras, Roni, curioso, foi até a montanha antiga.

De repente, sua picareta bateu em uma pedra estranha e dura, que começou a tremer. Assustado, Roni recuou, e a rocha começou a rachar até se abrir, revelando um túnel secreto que brilhava com reflexos dourados. Como era bem pequeno, ele conseguiu se esgueirar para dentro. Os raios de sol iluminavam o corredor e faziam o ouro cintilar como fogo.

O anãozinho caminhou até chegar a uma imensa sala cheia de ouro e pedras preciosas de todas as cores, mais belas do que qualquer coisa que o mundo já tivesse visto. O chão farfalhava debaixo de seus pés. De repente, ele ouviu uma respiração forte e barulhenta.

No centro da sala, dormia um dragão enorme. Roni ficou imóvel, prendendo a respiração para não o acordar. Então era por isso que ninguém se atrevia a cavar ali, pensou.

Mas logo percebeu algo estranho: o dragão respirava com dificuldade, como se estivesse com dor. Uma de suas asas estava ferida, e do machucado escorria sangue dourado que pingava sobre o ouro.

Sem pensar duas vezes, Roni abriu seu saquinho de pó mágico com ervas e espalhou cuidadosamente sobre a ferida. Devagar, a asa começou a cicatrizar até ficar completamente curada.

O dragão abriu os olhos verdes e fitou o pequeno anão, que tremia, ainda segurando o pó nas mãos. Mas, em vez de rugir ou cuspir fogo, ele sorriu.

“Você me salvou. Curou minha asa ferida!”, disse o dragão com voz poderosa. “Como é que não tem medo de mim?”

“Eu vi que você estava sofrendo e quis ajudar. Afinal, entrei sem ser convidado na sua montanha cheia de ouro.”, respondeu Roni, tímido.

O dragão abaixou a cabeça com gratidão:

“Obrigado, anãozinho. Os outros anõezinhos não vêm aqui porque tem medo de mim. Mas você mostrou coragem e bondade. Como recompensa, ofereço parte deste tesouro ao seu povo.”

Roni ficou encantado, mas pensou bem antes de responder:

“O ouro é lindo, mas já temos o suficiente. Esse é o seu tesouro, e deve continuar sendo seu. Seu segredo e sua montanha estarão a salvo comigo.”

O dragão sorriu e, em sinal de amizade, partiu uma enorme pedra azul ao meio. Entregou uma metade a Roni e guardou a outra consigo.

A partir daquele dia, eles se tornaram grandes amigos. A pedra azul passou a ser o símbolo da amizade deles. Roni contou aos outros anõezinhos sobre o dragão misterioso, mas nunca revelou nada sobre o tesouro. Esse era o segredo dos dois.

De vez em quando, o dragão voava de sua montanha para proteger o vale dos invasores. Enquanto isso, os anõezinhos viviam em paz e felizes.

E assim, o anãozinho e o dragão provaram que, no mundo da fantasia, as amizades mais improváveis podem existir.

4.7/5 - (63 votos)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo