Numa manhã gelada de inverno, o pai da pequena Natália teve uma ideia especial. Como ela tinha ganhado de Natal os patins de gelo que tanto desejava, aquele seria o dia perfeito para experimentá-los juntos. O lago estava congelado, brilhando como um espelho, e era hora de aprender a patinar.
Mas Natália estava com medo. Mesmo sendo o seu sonho, nunca tinha patinado no gelo antes, só de patins de rodinha, em frente de casa.
“Vamos?”, perguntou o pai, quando ela terminou o chocolate quente.

Natália acenou com a cabeça, apesar do friozinho na barriga. Eles se agasalharam bem e foram até o parque, onde já havia várias crianças e pais se divertindo sobre o lago congelado. Alguns até jogavam hóquei.
A menina olhou para os patins novos, brancos e brilhantes. Pareciam enormes comparados aos seus sapatos, e ela não tinha certeza de como conseguiria se equilibrar. O pai a ajudou a calçá-los e juntos pisaram no gelo reluzente. Quando ele segurou sua mão, Natália se sentiu mais segura.
“Só não me solta, senão com certeza vou cair!”, pediu a menina, tremendo de medo.
O pai sorriu:
“Não tenha medo, não vou soltar. E se você cair, é só se levantar de novo. Isso faz parte do aprendizado.”
Natália sorriu de leve. Afinal, ao redor dela até crianças menores já patinavam, e ela, com nove anos, certamente conseguiria também.
No começo, cada passo parecia difícil. Ela se movia devagarinho, quase tropeçando, como um elefantinho desengonçado. Mas seu pai a guiava com calma, e a cada volta ela se sentia um pouco mais confiante.
Depois de um tempo, ele passou a segurá-la apenas por uma mão, até que, de repente, Natália encontrou o equilíbrio e conseguiu sozinha.
“Olha, papai! Estou patinando! Já estou indo melhor!”, gritou, rindo de alegria.
Mas, nesse exato momento, escorregou e caiu sentada no gelo. Seus olhos se encheram de lágrimas.
“Nunca vou conseguir patinar como você!”, reclamou, frustrada.
O pai enxugou as lágrimas e riu com carinho:
“Cair faz parte, minha filha. O importante é não desistir. Vamos nos levantar e tentar de novo.”
Natália respirou fundo, segurou a mão dele e recomeçou. Seu pai girava ao redor dela, leve como um floco de neve.
“Agora sim, está indo muito bem!”, elogiou animado.
Ela ajeitou o gorro fofinho e abriu um sorriso. A cada curva, sentia-se mais livre, quase como se estivesse voando. E quando finalmente soltou a mão do pai e deslizou sozinha, o coração dela se encheu de orgulho.
“Não é nada difícil… é como patinar em casa, só que no gelo”, falou para si mesma.
“Consegui! Estou patinando sozinha, completamente sozinha!”, gritou, radiante, olhando para o pai.
E assim os dois patinaram juntos pelo lago congelado. Natália ainda caiu algumas vezes, mas isso já não a incomodava. Ela apenas limpava os joelhos e continuava. Afinal, não deixaria o medo vencer.
Naquele dia, Natália venceu seu receio e, com a ajuda do pai, aprendeu a patinar. A cada nova manhã de inverno, ela se tornava um pouquinho melhor.