No meio da floresta havia um toco. Era o único por toda a redondeza. Ao redor dele cresciam samambaias e, de vez em quando, algum cogumelo venenoso. Todas as noites, uma fada se sentava nesse toco. Ela era bem pequenininha. Quando algum adulto passava pelo toco, mal dava para ver uma pequena luz ali e reconhecer que era uma fada.
Certa vez, Carolina, uma garotinha de tranças no cabelo da vila mais próxima, passou por ali. Ela estava passeando pela floresta, procurando cogumelos e morangos. A noite chegou e Carolina começou a se sentir cansada. Decidiu então que iria se sentar por um momento no tronco mais próximo, antes de voltar para casa. Ela já estava se inclinando para descansar, quando de repente ouviu uma voz: “Cuidado! O que você está fazendo? Eu estou aqui. Ah, não! Isso sempre acontece comigo. Sou tão pequena que ninguém me vê”.

Carolina pulou e procurou pela voz que falava com ela. Apenas depois de um tempo procurando, ela viu uma pequena fada no toco. A fada estava sentada com a cabeça baixa, muito triste, chorando. “Desculpe, eu não te vi, mas não queria te machucar. Por que você está chorando? O que aconteceu com você?”, perguntou Carolina.
A fada então levantou a cabeça, olhou para Carolina, enxugou as lágrimas e começou a explicar: “Estou triste porque sou muito pequena. A menor de todas as fadas que vivem aqui na floresta. Não posso dançar no lago à noite, porque não consigo pular tão alto quanto as outras fadas. Sou muito pequena e não consigo. Então, em vez disso, todas as noites eu fico aqui no toco, sozinha”.
Carolina sentiu pena da pequena fada. Delicadamente, ela pegou a fada em suas mãos, acariciou-a e disse: “O fato de você ser pequena não importa. Eu também sou a menor de todas as crianças que conheço. Mas isso não te impede de realizar grandes coisas. Vamos treinar juntas. Eu vou vir aqui todos os dias, vamos dançar juntas, e você vai aprender a pular tão alto quanto quiser. Você verá que é capaz”.
Desde então, Carolina ia à floresta todos os dias. A fada lhe mostrou a dança e Carolina praticava com ela, dando dicas sobre como saltar. Elas praticavam giros e levantamentos, alongavam-se com dedicação e melhoravam cada vez mais. Era difícil, mas nenhuma das duas desistia.
Após algumas semanas, chegou o grande dia. A fada iria dançar no lago com as outras colegas. Ela iria mostrar que agora conseguia fazer de tudo. Carolina, como uma boa amiga, foi acompanhá-la. Ela se sentou perto do lago, curiosa para ver como a fada se sairia. Ao redor, tudo estava escuro.
De repente, a lua iluminou o lago todo. Uma brisa suave trouxe uma linda melodia e as fadas começaram a dançar. Uma delas era a menor, mas dançava com muita delicadeza. Até mesmo o último e mais difícil giro com salto ela conseguiu. Era visível a felicidade da fada por ter conseguido. Depois da dança, Carolina correu até a fada e a abraçou calorosamente com suas mãos. “Viu? Você conseguiu!”, elogiou Carolina. “Obrigada por ter acreditado em mim e me ajudado”, respondeu a fada com muita gratidão.
Carolina continuou indo ao lago. Todas as noites, ela assistia sua amiga dançando lindamente. E toda vez, ela se dava conta de que alguém pequeno pode sim realizar grandes coisas.