Era uma bela tarde de verão e a raposa, que acabara de saborear sete filhotes de corvo, sentia-se satisfeita e cheia de energia. Decidiu que iria se divertir um pouco no campo ensolarado. Saltava, girava em círculos e, no meio de uma cambalhota, por acaso avistou na grama um pequeno caracol que rastejava lentamente por um talo úmido.
“Ora, que velocista!”, zombou a raposa. “Um bichinho tão pequenino com uma casquinha tão minúscula… até o vento tem medo de correr com você! Será que você consegue chegar a algum lugar antes de um mês?

O caracol esticou os seus tentáculos, olhou calmamente para ela e disse:
“Se você acha que sou tão devagar, que tal apostarmos uma corrida? Talvez eu até te surpreenda.”
A raposa riu tanto que teve que colocar a mão na barriga.
“Você quer correr comigo? Vai ser a corrida mais curta da história! Mas tudo bem, vou te dar essa chance. A chegada será perto do rio.”
O caracol perguntou com naturalidade:
“Você não quer uma vantagem? Que tal o comprimento da sua cauda? Mesmo assim, acho que vou te ultrapassar.”
A raposa ficou um pouco intrigada com aquela proposta. “Como é que ele poderia me ultrapassar, se mal consegue se arrastar?”, pensou. Mas, como estava convencida de sua vitória, concordou sem pensar duas vezes.
Os dois se posicionaram na linha de largada. O caracol, com muito cuidado, aproximou-se da raposa e agarrou-se delicadamente na ponta de sua cauda fofinha.
“Pronta?”, disse o caracol. “Três, dois, um… já!”
A raposa disparou como uma flecha. O vento assobiava em seus ouvidos, a grama passava num piscar de olhos sob suas patas, e em um instante ela chegou ao rio. Virou-se triunfante, pronta para rir do caracol, que segundo ela mal teria saído do lugar.
Mas, nesse momento, sacudiu a cauda com força – e o caracol, que ainda se segurava nela, foi lançado direto por cima do rio!
Sem ver sinal de movimento, a raposa gritou:
“E aí, caracolzinho? Desistiu? Nem se mexe mais?”
“Que nada!”, respondeu uma voz do outro lado do rio. “Já cheguei faz tempo! Até nadei um pouco enquanto você demorava para aparecer.”
A raposa ficou parada, de boca aberta. Não conseguia entender como aquilo era possível. Envergonhada, baixou as orelhas e o rabo, e desapareceu em silêncio pela floresta. E nunca mais subestimou aqueles que pareciam fracos ou lentos.
E o caracol? Ele sorriu, satisfeito, e seguiu seu caminho devagarzinho — sabendo que até mesmo uma criaturinha pequena, desacreditada e quase invisível pode, às vezes, vencer o favorito numa corrida.
Olá
Parabéns , eu gostei da historinha
eu trabalho com crianças e gosto de ler para eles
obrigada
Perfeita a moral dessa história.