Era uma vez um menino chamado Caio e uma menina chamada Gerda, que moravam lado a lado. Eram melhores amigos, gostavam um do outro como irmãos e passavam todos os dias juntos. No verão, brincavam entre as flores do jardim; e no inverno, ficavam juntinhos observando a neve caindo pela janela. Também gostavam muito de ouvir os contos de fada que a vovó lhes contava todos os dias.
Numa noite, ela lhes contou a história da Rainha da Neve, que governa o inverno e tem um olhar frio como gelo. Disse que, às vezes, a rainha aparece para desenhar figuras misteriosas nos vidros das janelas. Caio ria e dizia que nenhuma rainha conseguiria assustá-lo.
Mas tudo mudou naquele dia em que o vento espalhou pelo mundo os cacos de um espelho mágico, criado por um feiticeiro malvado. Esse espelho mostrava tudo que era belo como sendo feio e transformava o bem em mal. Um dia, ele caiu das mãos do feiticeiro e se quebrou em mil pedaços. Os fragmentos voaram pelos ares, espalhando-se por todos os cantos do mundo — e alguns foram parar nos olhos e corações das pessoas.
Um desses cacos atingiu também Caio. De repente, ele deixou de ser alegre. Jã não gostava mais das flores, nem de Gerda. Passou a enxergar tudo como feio, seu coração endureceu e seu olhar ficou frio como gelo.
Então chegou o inverno. E, com ele, veio a Rainha da Neve — uma figura linda, pálida como o gelo, que viajava em um trenó puxado por cavalos brancos. Ao ver caio, sentiu vontade de ter alguém que estivesse sempre com ela, alguém que lhe fosse devoto para sempre. Beijou o menino, o fragmento do espelho se alojou ainda mais fundo em seu coração, e ele esqueceu completamente de Gerda. Subiu no trenó com a Rainha da Neve e desapareceu no meio da nevasca branca…
Quando Gerda descobriu que Caio havia sumido, não pensou duas vezes: partiu para procurá-lo — sozinha, sem mapa, apenas com coragem, amor e fé na amizade. Sua jornada foi longa e cheia de desafios.
Primeiro, encontrou uma bondosa senhora bondosa e idosa, que cultivava flores encantadas e quis que Gerda ficasse com ela. Mas as rosas do jardim fizeram Gerda se lembrar de Caio, e isso reacendeu sua missão. Ela seguiu em frente.
Na floresta, encontrou um corvo sábio, que lhe contou sobre um príncipe e uma princesa — que talvez fosse Caio com a Rainha da Neve. Gerda partiu para o castelo, mas, ao vero príncipe, percebeu que não era seu amigo. Mesmo assim, fez amigos por lá, que lhe deram belas roupas, um cavalo e botas quentinhas para continuar a viagem.
No caminho, Gerda foi capturada por ladrões. Mas até entre eles encontrou bondade. Uma menina ladra, selvagem mas justa, tornou-se sua amiga. E, por fim, libertou Gerda, ajudando-a a seguir rumo ao norte, onde estaria o palácio de gelo da Rainha da Neve.
Após uma longa jornada, Gerda finalmente chegou lá. Encontrou Caio sentado no chão, quietinho, com o olhar vazio e o coração congelado. Ela correu até ele e o abraçou com força. Suas lágrimas, cheias de amor, caíram sobre Caio — e o fragmento do espelho se desfez. As lembranças voltaram, os olhos de Caio se iluminaram e ele reconheceu sua querida amiguinha.
De mãos dadas, correram para casa, onde havia calor, segurança e as flores começavam a florescer. Embora agora parecessem um pouco mais crescidos, seus corações continuavam puros e bondosos como antes.
E a história termina como começou — com a amizade de duas crianças que brincavam juntas e adoravam ouviam contos de fada.
