A patrulha dos ursos

Em algum lugar da floresta profunda vivia um ursinho chamado Roncão. Ele tinha sua toca bem embaixo de uma árvore de bordo e passava a maior parte do tempo cochilando. Mas, de vez em quando, sentia-se muito sozinho. 

Os outros bichinhos da floresta geralmente tinham medo dele, e Roncão também não queria fazer amizade com a raposa maliciosa, que só pensava em roubar seu mel e outras guloseimas. Por isso, preferia andar sozinho. Sempre ficava mais feliz quando o inverno chegava, pois podia dormir durante toda a estação.

Contos para dormir - A patrulha dos ursos
A patrulha dos ursos

Nossa história começa numa primavera, quando Roncão despertou de seu longo sono de hibernação. Sonolento, esfregou os olhinhos e examinou ao redor da toca, procurando comida. Encontrou apenas um punhado de frutinhas e um restinho de mel, mas ainda estava com fome. 

Então decidiu sair para caminhar pela floresta, na esperança de achar algo mais. Com passos pesados, deixou sua toca e seguiu até o grande descampado. Seus olhos brilharam ao ver os dentes-de-leão amarelinhos e sentir o perfume das flores das árvores espalhando-se pelo ar.

Seguindo pela trilha da floresta vizinha, Roncão teve uma surpresa: avistou um urso subindo numa árvore próxima. Ele piscou algumas vezes, pensando que talvez estivesse enganado. Afinal, nunca tinha encontrado outro urso naquela região. Bem devagar, aproximou-se e falou:

“Ei… oi. De onde você apareceu?”

O outro ursinho parou de subir e olhou para ele.

“Moro com minha família logo ali atrás da colina. Meu nome é Dudu!”, respondeu.

 “Ah, eu sou o Roncão e moro além daquele descampado. Nunca vi outro urso por aqui. Você acha que a gente poderia ser amigo?”, perguntou Roncão.

Dudu, animado, pulou da árvore.

“Claro! Eu também não tenho amigos. Vem comigo, vou te mostrar minha casa e depois podemos brincar.”

Roncão concordou e os dois seguiram juntos. Conversaram bastante pelo caminho até chegarem à toca de Dudu, atrás da colina. Ele correu para dentro e voltou acompanhado de um urso bem maior.

 “Pai, este é o meu novo amigo Roncão. A gente pode brincar junto?”, pediu, saltitante.

O pai deu uma risada e respondeu:

“Brinque, meu filho.”

Depois de alguns tapinhas carinhosos nas costas, Dudu correu novamente para fora com Roncão, e os dois foram até o descampado.

“Como vamos brincar?”, perguntou Roncão.

“Já sei! Vamos brincar de guardas da floresta. A gente protege os bichinhos!”, disse Dudu, empolgado. 

“Boa ideia!”, exclamou Roncão, dando um pulinho de alegria.

Assim os dois partiram para a floresta, levando a brincadeira a sério. Logo encontraram um coelho passando pela grama com cuidado, quase escondido.

“Coelhinho, o que você está aprontando aí?”, perguntou Dudu.

“Eu? Nada, nada…”, respondeu o coelho, escondendo algo atrás das costas.

“Não minta, coelho, ou vai se ver comigo!”, resmungou Roncão.

O coelhinho arregalou os olhos e perguntou desconfiado:

 “E quem são vocês?”

 “Nós somos a Patrulha dos Ursos. Guardamos esta floresta e ficamos de olho em malandros como você!”, respondeu Roncão.

O coelho baixou as orelhas e confessou:

“Eu só estava levando umas cenouras do descampado aqui perto…”

Os ursinhos resolveram deixá-lo ir, e seguiram adiante. Mais à frente, encontraram uma raposa que parecia suspeita.

“De onde você vem, raposa?”, perguntaram.

“Ah… só fui dar uma voltinha até o riacho…”, respondeu ela, piscando de forma exagerada.

“Não tente nos enganar. Nós somos a Patrulha dos Ursos. O que você estava fazendo de verdade?”, insistiu Dudu, em tom firme.

Assustada, a raposa acabou confessando:

“Eu estava com fome e peguei umas nozes do esquilo…”

Roncão ficou bravo:

“Então é isso! Roubou do esquilo! Devolva as nozes agora mesmo. E se fizer isso de novo, vai se dar mal!”

Apavorada, a raposa saiu correndo para devolver o que havia furtado.

Orgulhosos da missão cumprida, os dois continuaram caminhando. Até que viram um passarinho muito pequenino, perdido na beira do caminho.

“O que você está fazendo sozinho, pequenino? Não sabe que pode se machucar?”, perguntou Roncão.

O passarinho começou a chorar:

“Eu caí do ninho e não consigo voltar para minha mamãe…”

Os ursinhos ficaram comovidos.

“Não tenha medo. Nós somos a Patrulha dos Ursos. Mostre onde fica seu ninho que nós vamos te ajudar. Suba nas minhas costas que eu te levo.”, disse Dudu.

O passarinho apontou para a copa de um carvalho ali perto. Dudu escalou a árvore com cuidado e o devolveu em segurança ao ninho.

“Já está anoitecendo. Amanhã podemos patrulhar de novo.”, disse Dudu.

“Combinado!”, respondeu Roncão.

Naquela noite, os dois voltaram para suas tocas, mas demoraram a pegar no sono. Ficaram lembrando das aventuras do dia. Desde então, Roncão e Dudu se tornaram melhores amigos, e juntos patrulhavam a floresta todos os dias.

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