Fabi era uma pequena e adorável fantasma com cabelos ruivos sempre bagunçados, o rosto sujo e as roupas costuradas com muitos retalhos coloridos. Ela vivia entre outros fantasmas e era muito especial. À primeira vista, era evidente que ela não era como as outras crianças. No entanto, Fabi desejava muito ter crianças humanas como amigas. Mesmo seus pais sendo fantasmas e indo à escola de fantasmas, o mundo das crianças a atraía.
A mamãe sempre dizia a ela: “Fabi, nós não pertencemos a esse mundo. As pessoas não entendem como somos e poderiam te machucar. Mantenha-se o mais longe possível dos humanos”. Mas Fabi não conseguia evitar. Quase todos os dias, ela se escondia atrás do muro da esquina, perto do parquinho onde as crianças brincavam, e as observava. Isso a divertia e ela pensava que estava segura, pois achava que ninguém a via.

Certa vez, quando estava escondida na esquina observando as crianças, ouviu uma voz atrás dela: “Oi, eu sou a Lili. Por que você está escondida e não vem brincar com a gente?”. A fantasminha ficou tão assustada que caiu no chão. Atrás dela estava uma menina, mais ou menos da mesma idade, muito bonita, com tranças e um vestido florido. Lili estendeu a mão para ajudar Fabi a se levantar e novamente a chamou para brincar.
Fabi respondeu timidamente: “Mas eu não sou como as outras crianças. Eu sou uma fantasma, e não pertenço a esse lugar. Aqui entre as pessoas eu não tenho o que fazer”. Lili apenas sorriu: “Não tem problema você não ser como nós. Venha, vai ser divertido”. E assim, Fabi toda animada e ao mesmo tempo nervosa, foi até as crianças no parquinho. Ela teve a tarde mais linda e fez vários amigos novos. Ninguém olhou para ela de forma estranha. Desde então, a fantasminha ia ver as crianças quase todos os dias.
Uma tarde, quando ela chegou ao parquinho, todas as crianças estavam sentadas no banco, tristes, conversando sobre algo. “O que aconteceu?”, perguntou Fabi, percebendo que algo as incomodava. Lili suspirou e começou a explicar: “Tem um garoto grande e muito malvado que vem aqui. Ele nos expulsou do parquinho, dizendo que crianças pequenas como nós não têm o que fazer aqui e que, se continuarmos, ele nos mandará embora. Nós temos medo dele, pois somos muito pequenos. Mas queremos continuar vindo”.
Fabi pensou por um momento e então disse: “Não se preocupem, amigos. Vamos fazer com que ele vá embora. Afinal, eu sou uma fantasma”. E começou a explicar às crianças o que havia planejado. Quando o garoto malvado estava chegando, as crianças e a fantasminha se esconderam, de modo que ele não pudesse vê-las. Logo ele apareceu. Ele era alto e certamente mais velho do que elas.
Ele olhou o parquinho, Fabi estalou os dedos e, de repente, as bolas de basquete começaram a pular sozinhas ao redor dele. As bolas quicaram no chão e iam direto para o menino. Ele apenas cobria a cabeça e girava em círculos. Quando as bolas se acalmaram, Fabi estalou os dedos novamente e as traves começaram a persegui-lo. Ele começou a correr pelo parquinho e a fugir delas, sem entender o que estava acontecendo. Então as traves o cercaram e afirmaram: “Você não vai expulsar ninguém do parquinho e não vai intimidar as crianças mais novas. Aqui todos podem brincar”. O menino apenas concordou com a cabeça, boquiaberto.As crianças começaram a pular de alegria. E Fabi? Ela estava muito feliz por ter ajudado e ter sido aceita pelas crianças mesmo sendo diferente. Desde então, todos brincam juntos no parquinho. Até mesmo o garoto malvado se tornou amigo delas.