A Bela e a Fera

Há muito, muito tempo, quando os contos de fadas não eram histórias inventadas, mas realidade, vivia em seu reino um jovem príncipe, belo e encantador. Todos ficavam sem fôlego diante de sua beleza e riqueza. Mas o príncipe tornou-se tão arrogante que se esqueceu de tratar os outros com respeito.

Só se interessava por luxo, rodeando-se de coisas magníficas, e achava que as pessoas não tinham importância. Convencido de que ninguém era tão especial quanto ele, não via motivo para se importar com os sentimentos alheios.

Contos para crianças - A Bela e a Fera
A Bela e a Fera

Mas um dia, em seu orgulho, ele ofendeu a pessoa errada — uma poderosa feiticeira. Ela não perdoou sua arrogância e o amaldiçoou: tirou sua beleza e o transformou numa criatura horrenda, que causava medo e repulsa. Seu corpo e rosto ficaram cobertos de pelos, e no lugar do nariz surgiu um focinho. Somente suas mãos humanas permaneceram.

“Se um dia alguma mulher se apaixonar por você nessa forma, a maldição será quebrada”, disse a feiticeira antes de desaparecer.

Todos no castelo fugiram apavorados, e o príncipe ficou sozinho. Os anos passaram, o castelo se arruinou, e ninguém mais lembrava da beleza daquele lugar nem do príncipe que ali vivera. A única coisa que permanecia encantadora eram as rosas do jardim, que o príncipe cultivava com carinho — sua única alegria.

Um dia, um mercador retornava de suas viagens e passou pelo castelo. Encantado com as rosas, decidiu colher três para dar às suas filhas. Mas assim que o fez, uma criatura assustadora apareceu diante dele e bradou:

“Como ousa colher minhas rosas? São minha única alegria! Por isso, será castigado!”

O mercador começou a chorar: 

“Por favor, perdoe-me! São para minhas filhas. Eu não sabia que alguém morava aqui. Se soubesse, jamais teria tocado nas flores.”

“Para suas filhas, é?”, respondeu o monstro. “Muito bem. Se você me mandar uma delas para viver comigo, eu o perdoarei. Mas se nenhuma vier, irei atrás de você, e o castigo será inevitável.”

Desesperado, o mercador prometeu que enviaria uma de suas filhas e foi libertado.

Ao chegar em casa, contou tudo às meninas. A filha mais velha e a do meio se recusaram na hora. Mas a mais nova sentiu pena do pai. Era gentil, bondosa e tão bonita desde que nasceu que a chamaram de Bela.

“Não chore, paizinho, eu irei viver no castelo. Não aguento vê-lo sofrer. Certamente não será tão ruim assim…”, disse Bela. Embora infeliz com a decisão, o pai estava aterrorizado demais para impedi-la. Tinha medo da retaliação caso não enviasse nenhuma filha.

Bela então partiu para o castelo. O lugar estava coberto de poeira, teias de aranha e móveis quebrados, mas ainda guardava vestígios de que havia sido muito bonito.

“Tem alguém aí?”, chamou Bela, depois de passar por várias salas vazias, sem encontrar ninguém.

Então, uma voz masculina respondeu atrás dela:

“Estou aqui. Meu nome é Erik. Seu pai trocou você pela própria vida. Para salvá-lo, você deve ficar comigo. Mas nunca deve me olhar — deve sempre ficar de costas para mim.”

E assim foi. Bela e o príncipe passaram a conversar e jantar juntos, sempre com ela de costas. Ela só via suas mãos delicadas, quando ele se inclinava por trás dela e a acariciava com carinho. Ela insistia para vê-lo, mas o príncipe nunca consentia. Estava apaixonado por Bela e tinha medo de que ela fugisse se visse sua aparência.

Nos momentos livres, Bela limpava o castelo, tentando devolver a beleza ao lugar. Aos poucos, ela até começou a se sentir feliz ali — exceto pela saudade do pai, que aumentava a cada dia.

Certo dia, enquanto polia um espelho, o príncipe Erik entrou no quarto e perguntou qual desejo poderia realizar para ela naquele dia. Bela disse honestamente que gostaria de visitar seu pai. 

Ela estava de costas para o príncipe como sempre, mas quando se afastou do espelho, viu nele um rosto terrível. Assustada, gritou e desmaiou. Ao acordar, o príncipe, escondido nas sombras, confessou que foi ele quem ela viu refletido no espelho.

Por um momento, Bela não conseguiu dizer nada. E então pediu novamente para visitar o pai. O príncipe, com o coração apertado, concordou — mas ela teve que prometer que voltaria.

Em casa, o reencontro com o pai e as irmãs foi cheio de alegria. Bela ficou com eles por alguns dias, mas logo decidiu que era hora de voltar. Afinal, havia dado sua palavra ao príncipe. No entanto, o pai não queria nem ouvir falar disso. Quando a filha estava longe, ele sofria e se culpava profundamente por tê-la mandado para junto do monstro.

Bela então permaneceu com a família, mas, para sua própria surpresa, começou a sentir saudades do príncipe Erik. A cada dia, crescia seu desejo de estar novamente ao lado dele. Ela mesma não entendia bem o motivo, mas sentia-se atraída por sua presença. Por fim, disse a si mesma: “E daí se ele parece assustador? Ele sempre foi tão gentil comigo… Nunca me senti tão bem com ninguém quanto me senti com ele.” Foi então que tomou sua decisão: retornaria ao castelo. E sem perder tempo, correu de volta para lá.

Quando chegou, não conseguiu encontrar o príncipe em lugar nenhum. Apenas no jardim, junto a um arbusto de rosas, avistou seu corpo. Enquanto ela esteve fora, o príncipe sofreu tanto que definhou até não ter mais forças. E então Bela achou que ele tinha morrido. 

Naquele momento, ela percebeu que, apesar de sua aparência assustadora, o amava e queria estar com ele. Bela chorou e beijou seu rosto monstruoso. Foi quando seu amor verdadeiro quebrou a maldição. 

O príncipe não apenas despertou, mas transformou-se novamente em humano.

Durante muito tempo, ninguém acreditava que essa história pudesse ter um final feliz. Mas o amor verdadeiro de Bela fez o impossível acontecer. E desde então, ela e o príncipe Erik viveram juntos, em paz, com muito amor e foram muito felizes.

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