Era véspera das férias de outono. A cidade estava toda enfeitada com abóboras entalhadas e folhas secas espalhadas pelo chão. Até as salas de aula entraram no clima, decoradas com bonequinhos feitos de castanhas, abóboras pintadas, esqueletos e folhas secas coloridas coladas nas janelas.
Como era véspera das férias, a escola organizou a tradicional apresentação de outono. Cada turma dos anos iniciais precisava preparar uma pequena apresentação: podia ser uma música, uma peça de teatro, uma dança ou uma recitação.

A turma do 3º B preparou algo bem assustador: uma dança de Dia das Bruxas! As meninas estavam vestidas de abóboras, e os meninos, de esqueletos.
Mas a pequena Vitória estava com medo. Ela era muito tímida e sempre ficava nervosa quando precisava se apresentar na frente das pessoas. Até mesmo responder perguntas em sala de aula fazia seu coração disparar. Ela sabia que, naquele dia, só a mamãe poderia ir vê-la, porque o papai teria que trabalhar. Mesmo assim, ela precisava encontrar coragem e participar da apresentação.
O ginásio começou a se encher de pais e professores. Tudo estava decorado com as cores do outono, e a apresentação estava prestes a começar. As turmas se revezavam, encantando os pais com músicas, teatrinhos e danças. Então finalmente chegou a vez da turma do 3º B.
“Vem, os colegas já estão te esperando!”, chamou a professora, animada, para a pequena Vitória, que se escondia no vestiário.
Ela usava uma fantasia laranja em formato de abóbora e, nos cabelos loirinhos, uma tiara com uma mini abóbora no topo.
“Mas eu estou com medo… E se eu estragar tudo?”, disse Vitória, com lágrimas nos olhos, tentando enxugar o rosto.
“É normal se sentir assim. Mas você vai conseguir. A gente ensaiou muito e você foi ótima. Eu acredito em você, você é muito esperta!”, disse a professora, encorajando-a e ajudando Vitória a se levantar.
Timidamente, Vitória segurou a mão da professora, e as duas caminharam até o palco, onde os colegas já a esperavam.
“Não se preocupe, a gente vai conseguir”, disse Lili, sua melhor amiga, com um sorriso tranquilizador.
As crianças subiram ao palco e começaram a dança. Primeiro entraram os meninos, depois as meninas se juntaram a eles, ao som de uma música assustadora chamada “Abóbora”.
Enquanto todos pulavam e dançavam animados, Vitória ficou mais atrás, dançando encolhida, com medo de errar.
De repente, algo inesperado aconteceu: algumas meninas à sua frente escorregaram e caíram. Todos os olhares se voltaram para Vitória.
Ela congelou por um instante. Mas então, no meio da plateia, viu não só a mãe, mas também o pai e os avós. Todos tinham vindo vê-la!
Isso encheu Vitória de alegria. Ela respirou fundo, criou coragem e começou a dançar com todo o entusiasmo que conseguiu encontrar.
As outras meninas, ainda no chão, sorriram ao vê-la e foram se levantando, uma a uma, voltando à dança.
O 3º B recebeu um enorme aplauso. E mais que isso: ganhou um troféu de melhor apresentação de dança!
“Eu te disse que você ia conseguir”, disse a professora, sorrindo ao final da apresentação.
“Obrigada por ter acreditado em mim!”, respondeu Vitória, abraçando a professora e correndo até os pais.
“Você foi incrível!”, disseram os pais e os avós, enchendo-a de abraços.
“Olha só, eu nem fiquei com vergonha… Quer dizer, talvez só um pouquinho!”, disse Vitória, rindo.
E então foram todos tomar chocolate quente.
Vitória percebeu que, mesmo com vergonha, se não tivesse continuado a dança e ajudado as amigas, talvez a turma não tivesse vencido.
Naquele dia, ela não ganhou só um troféu. Ganhou também algo muito mais importante: a coragem que há tanto tempo procurava dentro de si.
No fim das contas, o medo só parecia maior do que era. E Vitória aprendeu que, às vezes, o medo só assusta porque a gente dá muita atenção para ele.