Era uma vez um reino cercado por florestas e pequenos lagos, onde vivia um jovem cavaleiro chamado Vítor. De bom coração, ele amava a natureza e frequentemente caminhava pela paisagem para clarear a mente e ouvir o canto dos pássaros.
Numa tarde, quando o sol deslizava lentamente em direção ao horizonte, ele chegou a um lago tranquilo. De repente, avistou três cisnes descendo do céu. Assim que pousaram na margem, se sacudiram e, bem diante de seus olhos, se transformaram em três belas donzelas. De suas asas fizeram vestidos tão delicados que pareciam tecidos de nuvens. Riram, correram pela margem e, por fim, saltaram na água, onde se banharam alegremente como fadas.

O cavaleiro ficou encantado. Mas quem mais o fascinou foi a mais jovem: seus olhos brilhavam como estrelas, e seu riso tinha algo de mágico. Quando o entardecer começou a cair sobre a paisagem, as donzelas saíram da água, vestiram seus trajes de cisne e voaram de volta às nuvens.
Vítor, porém, não conseguia esquecê-la. Vagava pela floresta, com o coração cheio de saudade. Sua mãe logo percebeu e pediu que ele lhe contasse o que o afligia. Quando ele se abriu, ela acariciou seus cabelos e disse:
“Meu filho, o encanto deve estar escondido naquele traje de penas de que você falou. Espere até que ela venha novamente e, enquanto estiver se banhando, esconda o seu traje. Assim, ela permanecerá na forma humana e poderá ficar com você.”
E assim, Vítor voltou ao pequeno lago e seguiu o conselho de sua mãe. Após o banho, duas das moças pegaram suas vestes, transformaram-se em cisnes e voaram para longe. Mas a terceira não conseguia encontrar sua. Vítor se revelou para ela, confessou que havia pego sua veste, mas que a amava e queria se casar com ela. A moça se apresentou como Aline e implorou para que ele devolvesse sua veste, para que pudesse voar:
“Devolva-me minhas vestes, por favor… sem elas eu perderei minha alma para sempre!”
Mas Vítor, ainda que com o coração apertado, respondeu com firmeza:
“Não, minha querida. Você ficará comigo.”
Vítor a envolveu em seu manto, a levou para o castelo e logo se casaram. Tiveram três filhos, um mais belo que o outro, e parecia que a felicidade duraria para sempre.
Com o passar do tempo, porém, Aline foi ficando cada vez mais triste. Vítor tentou descobrir o motivo. E ela, por fim, disse:
“Eu te amo, mas às vezes sinto falta do céu… e das minhas irmãs. Posso ver apenas uma vez meu vestido de cisne?”
Querendo fazê-la feliz, o cavaleiro trouxe o traje. As penas ainda brilhavam, como se guardassem um encanto. Assim que Aline o tocou, as penas a envolveram, e ela se transformou numa cisne branca e voou para longe.
Vítor caiu em desespero. Não comeu nem dormiu por vários dias. Mas, em vez de se entregar à tristeza, decidiu lutar por sua felicidade. Partiu pelo mundo afora. Vagou por muito tempo e perguntou a todos que encontrava, até que seus passos o levaram a um lago, onde alguém havia avistado cisnes diferentes. Escondeu-se por ali e ficou à espera.
O sol já se despedia do céu quando três cisnes desceram do alto. Tiraram suas vestes e se transformaram em belas moças. Assim que entraram na água, Vítor apareceu e pegou as três roupas de cisne. As moças gritaram assustadas.
“Não tenham medo, não vim fazer mal algum!”, disse ele.
“Aline, devolvo as suas vestes e as de suas irmãs. Só peço que me escute. Eu te amo, e você faz falta para mim e para nossos filhos. Sei que você também precisa de liberdade. Se voltar comigo para o castelo, seu vestido não ficará mais trancado numa arca numa torre, e sim guardado no armário. Quando quiser voar com suas irmãs, poderá vesti-lo a qualquer momento. E, ao mesmo tempo, não precisará mais se afastar de sua família. Suas irmãs também serão sempre bem-vindas no castelo.”
Após essas palavras, Vítor olhou firmemente nos olhos de Aline.
Ela saiu correndo da água e o abraçou.
“Perdoe-me por ter deixado você e as crianças. Mas a vontade de voar me consumia dia e noite. Se você respeitar minha liberdade e eu puder voar quando quiser, ficarei feliz em voltar com você para o castelo.”
Vítor entregou a ela o seu vestido, assim como os de suas irmãs. Elas logo os vestiram e voaram embora, mas Aline não vestiu o seu. Ela subiu no cavalo atrás de Vítor e voltou com ele para o castelo.
Desde então, viveram um casamento feliz. De tempos em tempos, Aline vestia seu traje de cisne e voava sobre o reino. Às vezes, dois belos cisnes chegavam voando ao reino. E apenas Vítor e Aline sabiam que não eram cisnes comuns.
Ao respeitar a liberdade de Aline e o direito de decidir sobre sua própria vida, Vítor a conquistou de volta para sempre.
Linda história
Delicada e sensivel.
que história horrível e triste, não deveria nem ser para crianças