O ursinho chamado João, adorava passear pela floresta. Durante suas caminhadas, ele cantava alegremente, dando pulinhos, observando os esquilos nas árvores e, quando encontrava um galho no meio do caminho, ele tirava de lá para que não atrapalhasse o percurso. João gostava muito dessas caminhadas, pois podia seguir seu próprio ritmo. Às vezes, ele se deitava no musgo para descansar e aproveitar a tranquilidade da floresta.
Certa vez, durante uma dessas caminhadas, João se sentou embaixo de uma árvore e, de repente, algo o surpreendeu: “Cuidado, saia do meu caminho!”, gritou uma voz distante. O ursinho se levantou rapidamente, e logo viu um coelho se aproximando a toda velocidade. Ele corria tão rápido que atrás de suas patas traseiras, só ficavam as poeiras pelo ar. João saltou para o lado, e o coelho passou correndo por ele sem parar. Poucos minutos depois, o coelho passou novamente, fazendo com que João ficasse tonto com sua rapidez. Na terceira vez que o coelho passou, João, curioso, gritou: “Espere, pare, por favor! Quero te perguntar uma coisa”.
O coelho, ofegante, parou e olhou para João, que o observava com interesse. “Por que você está correndo tão rápido? Alguém está te perseguindo?”, perguntou o ursinho, preocupado. O coelho, sorrindo, explicou: “Não João, estou apenas treinando. Preciso estar em boa forma porque na próxima semana, haverá uma corrida na floresta, e eu quero muito vencer. Qualquer um da floresta pode participar e serão várias voltas por uma trilha”.
“Em boa forma?”, perguntou João, sem entender. O coelho então respondeu: “Sim, é assim que se diz quando queremos ser bons e rápidos no esporte”. “Ah, entendi. Então qualquer um pode participar? Eu também posso?”, perguntou João. “Claro, pode sim. Mas você precisaria treinar bastante”, respondeu o coelho, notando que o ursinho estava um pouco fora de forma.
A partir desse momento, João não pensou em outra coisa. Ele sabia que não estava em forma, como o coelho havia notado, e por isso queria tentar. Mesmo que fosse o último a chegar, queria pelo menos terminar a corrida. Assim, ele começou a treinar todos os dias. No início, corria devagar, mas, com o passar do tempo, foi ganhando velocidade. Ele ficou muito orgulhoso de si mesmo e passou a gostar cada vez mais de correr.
Finalmente, o grande dia chegou. Era o dia da corrida. Todos os corredores se alinharam na linha de partida, e logo se formou uma grande fila. Estavam ali coelhos, lobos, esquilos e, por último, João, o ursinho. Os outros corredores o olhavam como se não acreditassem, alguns até fazendo piadinhas maldosas, dizendo que um corredor com uma barriguinha como a de João deveria ficar em casa. No entanto, João não se importava com isso pois estava decidido a tentar.
A corrida começou, e todos saíram em disparada. Eles estavam logo à frente, enquanto João, com um ritmo mais calmo, ficava para trás. Mas isso não o incomodava. Ele continuava correndo, acreditando que conseguiria chegar até o final. Na última volta, algo inesperado aconteceu.
Na grama ao lado da pista, João viu o coelho caído. Durante a corrida, ele havia tropeçado e machucado a perna. No entanto, ninguém parou para ajudar. Alguns corredores já haviam cruzado a linha de chegada, e outros passaram tão rápido que nem notaram o coelho na grama. João, sem hesitar, correu até o coelho, o pegou em suas patas e o levou até a linha de chegada para que alguém pudesse socorrê-lo. Quando os outros viram João chegando à linha de chegada, carregando o coelho ferido, começaram a aplaudir. Até aqueles que zombaram dele ficaram envergonhados.
João fez a escolha de salvar o amigo, mesmo que isso significasse não vencer ou até mesmo terminar a corrida. Ele foi, sem dúvida, um campeão. O último a chegar, mas o melhor de todos. Ao final da corrida, foram entregues quatro medalhas: para o primeiro, segundo e terceiro lugar, além de uma medalha para o melhor corredor. Essa última medalha foi entregue a João, o verdadeiro vencedor daquela corrida.