Existem passarinhos que adoram o inverno, eles sempre aparecem quando começa a nevar, e a neve não os incomoda nem um pouquinho. Você com certeza já os viu, são os corvos! E certa vez, quando o inverno já aparecia, eles também voaram até a nossa aldeia.
Naquele dia, no alto do morro, Carlinha, uma pequena menina, estava sentada em seu trenó, olhando tristemente para a grande ladeira à sua frente enquanto enxugava as lágrimas geladas. Foi nesse momento que os corvos apareceram, saltitando ao redor dela e observando curiosos.

Eles perceberam que ela estava triste, mas não tiveram coragem de se aproximar, até que o menor do bando, bem devagarinho, foi se arriscando, pulinho após pulinho, até chegar perto dela.
“O que foi, corvinho, o que você quer?”, disse a menina olhando para o corvo com seus olhos tristes. “Eu gostaria de saber por que você está tão triste. Talvez eu possa te alegrar”, respondeu o pequeno corvo. “Espera, você fala?! Isso deve ser só imaginação minha!”, exclamou Carlinha, surpresa.
O corvo saltitou ainda mais perto da menina e disse: “Sim, claro que eu falo. Você não está imaginando. Mas as outras crianças e os adultos não sabem que eu consigo fazer isso. Agora me conta: o que te deixou tão triste?”.
“Eu sou muito pequena. Está vendo, aquele morro? Eu não consigo subir nele. Dizem que vou me machucar e só posso brincar no menor, porque sou pequena. E se eu nunca crescer?”, disse a pequena Carlinha. O corvinho escutou a menina e ficou contente que Carlinha havia contado tudo para ela.
Então decidiu alegrá-la: “Minha pequena amiguinha, você não precisa ter medo de não crescer. Com o tempo você vai ficar maior. Vou te contar o que você precisa fazer para crescer, combinado?! Você precisa comer bem e dormir na hora certa. Assim você vai crescer. No próximo inverno, vou voar até você e com certeza você estará maior. Agora vem, vamos inventar alguma coisa juntos. Fique perto da árvore e encoste suas costas nela.
O corvo então voou até a cabeça da menina e lá na árvore fez um risco no tronco com o bico. Pronto! Agora sabemos qual é a sua altura. No próximo ano nos encontraremos aqui e você vai se encostar na árvore de novo. Você vai ver que teremos que fazer o risco mais alto. Até lá, você sabe o que precisa fazer, né?” perguntou o corvo para Carlinha.
“Sim, eu sei. Comer bem e dormir na hora certa”, disse Carlinha com um sorriso largo no rosto. “Exatamente! Muito bem! Enquanto você não crescer, aproveite tudo que pode fazer. Use a criatividade! Confie em mim”, respondeu o corvo, que se despediu e voou para se juntar aos outros.
A menininha não estava mais triste, e não esqueceu do que o corvo tinha dito. O ano todo ela comeu bem, foi dormir na hora certa e aproveitou cada momento.
Quando o inverno voltou, Carlinha esperava o corvo perto da árvore. Logo ele apareceu voando, e agora também não era mais pequeno. Tinha se tornado um pássaro lindo e grande.
Ele cumprimentou a menina e voou até o tronco para conferir o risco do ano passado. Estava certo: Carlinha estava maior! Ela ficou muito feliz. Carlinha e o corvo conversaram por muito tempo, felizes, imaginando o próximo inverno e o momento de se encontrarem novamente.