Depois do inverno, a primavera demora um pouquinho para chegar. O sol aparece, mas ainda está fraquinho e não consegue aquecer todo mundo. A grama continua coberta pelos restos de neve e, em alguns lugares, surge até geada. Quando brilham os primeiros raios de sol, muitas crianças correm para fora só de camiseta e calça de moletom, deixando os casacos e gorros em casa, acreditando que aquele solzinho já vai esquentar. Mas não é bem assim.
Mesmo quando o sol aparece um pouquinho, ainda continua frio lá fora. Por isso, as crianças que saem correndo com pouca roupa acabam, quase sempre, ficando doentes. E foi exatamente isso que aconteceu com João e Tonico.
Eles eram dois meninos com muita energia, que adoravam passar o tempo lá fora. Jogavam futebol, brincavam de pega-pega e não ficavam parados nunca. Mas agora eles estavam doentes e tinham que ficar em casa, de cama. Que tédio terrível! Não podiam se ver, não podiam fazer nada e não podiam brincar lá fora. Era só espirros e muita tosse.
O papai do Tonico viu como seu filhinho estava sofrendo e como estava triste por não poder fazer nada, então teve uma grande ideia. “Tonico, que tal vocês fazerem um correio de barbante?”, perguntou o papai. Tonico gritou de alegria, e questionou: “Mas como, papai?”. O papai começou a explicar: “Quando eu tinha a sua idade, eu e um amigo esticamos um barbante pela janela e amarramos de um jeito que dava para deslizar de uma casa para a outra. Em casa eu escrevia um recado, prendia no barbante com um pregador e puxava pela corda até chegar no meu amigo. Ele lia em sua casa, respondia o recado e me mandava de volta. Você e o João têm as janelas pertinho uma da outra. Vou esticar um barbante pela janela até a casa dele e vocês podem se comunicar, mesmo estando em casa, no quentinho. E ainda por cima podem treinar a escrita e a leitura”.
Tonico ficou empolgado com a ideia. Enquanto o papai esticava o barbante entre as janelas e combinava tudo com o Joãozinho, Tonico já estava escrevendo as mensagens que queria mandar para o amigo. Quando tudo ficou pronto, o barbante esticado não parou mais. Os meninos ficavam sempre escrevendo e mandando coisas um para o outro. E assim podiam descansar e se curar sem ficarem no tédio. Para Tonico e João, foi o melhor tratamento que já tiveram que aguentar em casa. Escrevendo e mandando recadinhos, eles se divertiam e davam muitas risadas.
Mais tarde, quando Tonico estava dando boa noite para o papai, ele confessou uma coisa: “Sabe, pai, preciso admitir uma coisa. Mesmo você sendo velho, às vezes tem ideias muito boas. Obrigado, eu fico feliz de ter você”. O papai riu e achou engraçado seu filho chamar ele de velho. Ele ficou muito feliz de ter conseguido alegrar o dia do Tonico, mesmo ele estando doente. E se algum dia o papai ficar doente, o Tonico pode alegrá-lo também.
