A história que vou lhe contar aconteceu há muito tempo. Naquela época, no planeta Terra, ainda existiam alguns dragões. Não eram muitos, mas alguns se escondiam por aqui. Eles viviam pacificamente e tentavam não ser vistos. As pessoas, na maioria das vezes, nem sabiam que eles existiam, pois eles não se mostravam diante dos humanos, e apenas de vez em quando alguém os avistava por um momento.
Alguns dragões viviam na floresta, outros nos mares ou nos lagos. Um dos dragões morava em uma grande caverna, que ficava perto de rochas altas.
Perto dessas rochas, também havia a casa de um menino. Ele era um garoto inquieto e corajoso. Seu cabelo estava sempre bagunçado, como um ninho, e em seus olhos sempre havia alguma travessura. Não sei dizer o seu nome, mas como ele gostava de escalar as rochas todos os dias, todos o chamavam de Alpinista. Ele amava a sensação de subir mais alto e de usar todos os seus músculos para chegar ao topo. Além disso, no topo, havia a vista mais linda de toda a redondeza. Quando ia escalar, ele sempre se prendia com cintos e cordas para não se machucar, pois seu pai havia o ensinado assim.

Uma vez, porém, aconteceu algo que ele nunca esqueceu. Quando estava passeando pelas rochas e observando os pássaros que voavam por ali, ele avistou um ninho entre as pedras. Queria olhar dentro do ninho para ver se havia ovos, então começou a escalar mesmo não tendo trazido as cordas. Ele simplesmente subiu. “Eu consigo. Não está tão alto assim. Vou apenas dar uma olhada e desço”, pensou consigo mesmo enquanto subia até o topo. Ele já estava quase no ninho, quando, de repente, seu pé escorregou. Ele ficou pendurado por uma mão e não conseguia se puxar de volta. Com as últimas forças, começou a gritar: “Socorro, socorro!”.
Quando o medo foi aumentando e ele achou que não conseguiria mais se segurar, sentiu um vento forte. O vento começou a levantá-lo, e à medida que o vento aumentava, ele se sentia mais leve. Em pouco tempo, estava em cima de algo. E aquilo agora estava levando-o em direção ao chão. Rapidamente ele se agarrou e se sentou. Seu coração batia tão rápido que ele pensou que poderia sair do peito. Lentamente e com segurança, ele foi colocado no chão e só então pôde ver o que tinha lhe salvado.
Era um dragão enorme e bonito. Alpinista caberia até mesmo em uma de suas narinas. O menino ficou de boca aberta, já tinha ouvido falar de dragões, mas não tinha certeza se eles existiam. Agora havia um bem na frente dele. O dragão não voou para longe, então o menino se aproximou com cuidado, estendeu sua mão devagar, abaixou os olhos e esperou para ver se o dragão permitiria que ele o tocasse. De repente, ele sentiu um calor na mão. O dragão roçou suavemente a mão dele. “Obrigado, amigo. Você salvou minha vida. Eu não deveria ter subido lá sem uma corda. Se não fosse por você, teria terminado mal”, disse ele, agradecido. O dragão acenou com a cabeça e piscou para mostrar que entendia, e foi embora.
Por muito tempo, Alpinista não viu mais o dragão. Ele sempre ia até a rocha, procurava em todas as direções, mas não o encontrava. Até que um dia, durante uma escalada, começou a chover e ele se escondeu em uma caverna muito escura. Lá ele encontrou seu salvador, o dragão, dormindo. O dragão, ao acordar, percebeu que o menino estava com ele, aconchegado e escondido em suas grandes patas. Desde então, o dragão também soube que não precisaria ter medo, pois Alpinista era um amigo que gostava dele e que não contaria sobre isso para os outros humanos. Foi assim que formou-se entre eles um vínculo inseparável de amizade.
Isso aconteceu há muito tempo. Hoje em dia, dragões não existem. Mas há outros animais ao nosso redor que poderiam ser nossos amigos e que merecem nossa confiança e amor, você não acha?