Filipe era um menino pequeno e inquieto que estava na primeira série, porém, não gostava nem um pouco de estudar. Ele não gostava de português, porque não gostava de ler, detestava matemática, porque não gostava de fazer contas, e odiava atividades artísticas ou manuais.
Sua professora e os pais já não sabiam mais o que fazer com ele. Mas um dia, algo o convenceu de que era importante saber ler, conhecer os números e até mesmo fazer coisas manuais.
Era uma manhã de segunda-feira e ele estava se preparando para a escola. Claro, o mais devagar possível, já que realmente não queria ir.
Mas quando chegou à escola, uma surpresa o aguardava. Filipe ouviu a professora dizendo na sala de aula: “Crianças, em vez de educação física, hoje vamos fazer um passeio e tentar encontrar as plantas que estamos estudando em ciências. Vamos fazer uma caminhada um pouco mais rápida”. Todas as crianças imediatamente se alinharam no banco e colocaram os sapatos de caminhada para que pudessem sair o mais rápido possível.

A professora os conduziu em direção ao parque ao longo de uma estrada movimentada. E ao lado dessa estrada, havia uma parede alta e transparente. Todas as crianças caminhavam alegremente e conversavam, quando de repente, bem ao lado de Filipe, se escutou um barulho alto de batida. Filipe se assustou e pulou para trás, sem saber do que se tratava. Ele olhou ao redor, mas não viu nada. Nenhum acidente de carro, ou algo parecido. A professora e as crianças pararam e também olharam ao redor, tentando descobrir o que poderia ter sido.
Filipe notou algo no chão, ao lado da estrada, havia uma pilha de penas. O menino correu até ela e, com horror, descobriu que era um pássaro ferido. Ele era enorme, com grandes garras e um bico gigante e perigoso. Quando a professora viu o que Filipe encontrou, ela foi muito cautelosa, pois o pássaro não se movia, mas ainda assim poderia ser perigoso. Ela sabia que sozinha com as crianças não poderia ajudá-lo, então rapidamente chamou o centro de resgate de animais.
Em seguida, a professora disse: “Crianças, não devemos nos aproximar muito dele, ele pode se sentir ameaçado e atacar. Provavelmente é um falcão que colidiu com a parede transparente. Os pássaros não sabem que é um vidro transparente. Eles pensam que não há nada ali. Agora vamos esperar até que o resgate chegue, e depois voltaremos para a escola”.
As crianças observaram o falcão com muita curiosidade, mas Filipe era o mais interessado, afinal foi ele quem o encontrou. Em pouco tempo, o resgate chegou. Eles agradeceram às crianças e à professora por terem chamado e agido com cuidado, e levaram o falcão ferido.
À tarde, em casa, Filipe não conseguia parar de pensar no falcão ferido. Ele encontrou vários livros sobre aves de rapina e começou a ler. Mesmo que não gostasse de ler, agora devorava cada palavra que encontrava sobre o falcão. Ele queria aprender o máximo possível e descobrir como evitar que qualquer ave de rapina se machucasse na parede transparente ao lado da estrada.
No dia seguinte, ele contou à professora tudo o que havia estudado sobre o falcão. Seu tamanho, como cuidar dele em cativeiro e por que eles voam até a cidade. A professora ouviu atentamente e ficou feliz com o interesse de Filipe. Em seguida, Filipe acrescentou: “E também sei o que podemos fazer para que nenhum pássaro se machuque na parede transparente. Na aula de artes, faremos grandes pássaros de papel e os colocaremos naquela parede. Assim, os pássaros os verão, evitando que colidam com a parede e se machuquem”.
A professora estava muito orgulhosa de Filipe e elogiou sua ótima ideia, prometendo que tentaria providenciar para que os pássaros feitos pelas crianças fossem colados na parede. E assim foi feito.
Depois de algum tempo, a professora recebeu uma ligação do centro de resgate dizendo que o falcão estava bem, e que iriam soltá-lo na natureza e, se ela quisesse, poderia vir com as crianças para assistir. As crianças estavam entusiasmadas, especialmente Filipe. Ele entendeu que era importante saber ler, escrever, conhecer os números e também, fazer artesanato, uma vez que os pássaros feitos por ele ajudaram os animais a não se ferirem mais. Desde então, ele desejou ser melhor na escola e nunca mais foi de má vontade, pois sabia que aprenderia coisas úteis.