Era noite, e do céu caíam tufos de neve brancos, leves como penas. A terra já estava coberta por um manto branco e fofo, que só crescia com a neve que continuava a cair.
No meio daquela paisagem mágica, havia árvores salpicadas de neve e casinhas cobertas de luzes brilhantes. Pelas janelas, árvores de Natal lindamente enfeitadas sorriam para quem passava, acompanhadas de enfeites cintilantes nos vidros e nos telhados.

Era véspera de Natal, quando recebemos a visita do Papai Noel. Ele tem uma longa barba branca e usa uma roupa vermelha. Todo ano, Papai Noel visita as crianças e, para aquelas que se comportaram bem, deixa surpresas dentro dos sapatinhos. Já as que não foram tão obedientes, ficam sem. Mas, se melhorarem no próximo ano, com certeza ganharão também, porque o Papai Noel consegue ver tudo.
Cada criança lustrava ansiosamente seus sapatinhos, que depois colocava na janela, esperando pela visita.
“Por que a gente tem que colocar os sapatinhos limpos na janela?”, perguntou Marina, curiosa, enquanto limpava suas botas sujas de lama e molhadas da neve.
Mamãe sorriu para a filha e respondeu:
“Quando os sapatinhos estão limpinhos, Papai Noel consegue vê-los melhor. Aí ele confere na lista se você se comportou direitinho o ano todo. Se sim, vai colocar mimos nas suas botas.”
A menina ficou pensativa. Ela até que obedecia, mas sua irmãzinha Aninha era bem teimosa — muitas vezes não fazia a lição de casa nem guardava os brinquedos depois de brincar.
“E a Aninha? Ela já deixou os sapatinhos na janela, mas vive desobedecendo. Será que vai ganhar presentes?”, perguntou Marina, cheia de curiosidade.
Aninha, que estava no quarto, ouviu a conversa e correu até elas no corredor, onde estavam limpando os sapatos.
“Eu quero presentinhos e doces!”, gritou, aflita.
Sem perder tempo, Aninha começou a ajudar a irmã a limpar os sapatos. Depois, correu para o quarto e guardou todos os brinquedos, até mesmo os da Marina, organizando tudo direitinho na prateleira.
“Sabe, o Papai Noel vê tudo. Talvez ele traga alguma coisa para você mesmo assim… Mas seria bom você pedir a ele com jeitinho”, disse a mamãe.
“Temos que ajudar a Aninha! Como a gente pode convencer o Papai Noel a trazer doces pra ela?”, perguntou Marina, preocupada.
Mamãe então sentou com as duas e ensinou uma poesia. Talvez o Papai Noel se emocionasse com a voz doce das meninas e trouxesse algum presentinho para Aninha.
As duas irmãs se sentaram na frente dos sapatinhos limpos e recitaram em voz alta e melodiosa:
“Na janela, atrás da janela,
está o Papai Noel.
Diga pra nós, Papai Noel,
o que você tem nesse saco?
E eu tenho neste saaaaaaco,
só coisinhas boooooooas —
balas, docinhos, presentinhos,
só pra crianças boazinhas!”
As duas recitavam cheias de esperança, acreditando que o Papai Noel realmente as ouviria. A voz delas ecoava pela rua como uma canção mágica.
Bem cedinho, Marina pulou da cama e correu para a sala, onde as botas estavam no parapeito da janela. E vocês não vão acreditar! Tanto as botas da Marina quanto as da Aninha estavam cheias! E não só as delas — os pais também tinham encontrado doces em seus sapatos.
“Ele já chegou!”, gritou Marina, acordando a irmãzinha e os pais.
Aninha correu até a sala, ansiosa, e começou a revirar sua bota. Não havia doces, nem balas, nem presentinhos. Ela entendeu o recado: ainda precisava melhorar bastante.
“Papai Noel quis mostrar que eu tenho que obedecer mais…”, sussurrou, com os olhos brilhando.
Marina, vendo a irmãzinha um pouco triste, dividiu seus presentes e doces com ela. Aninha percebeu que precisava mesmo ser mais obediente, igual à irmã.
As duas combinaram que, dali em diante, iam se ajudar. Sempre que uma quisesse fazer alguma travessura, ou ficasse com preguiça de fazer a lição ou arrumar os brinquedos, a outra daria um conselho e ajudaria. Porque irmãos precisam se apoiar sempre.
E talvez seja justamente esse carinho entre irmãs que amoleça o coração do Papai Noel no próximo Natal.