Kika era uma aranhazinha inquieta, mas muito alegre. Ela sempre construía suas teias por todos os lugares ao redor. Em um dia ensolarado de primavera, saiu para passear em sua teia. Enquanto voava nela com a brisa suave da primavera, encontrou uma fazenda.
Lá ela refez sua teia no celeiro, ao lado da casa velha, onde morava uma vovó com o vovô, que amavam os bichinhos. Por isso, tinham muitos deles. No celeiro, havia cavalinhos; no chiqueirinho, porquinhos; e no galinheiro, uma galinha. Na casinha deles morava, junto com o casal, o seu fiel cachorrinho Totó.
Quando a vovó e o vovô viram uma teia de aranha no celeiro, não a destruíram, porque sabiam que lá morava um bichinho pequenino, uma aranhazinha. E realmente! Lá morava a Kika. Era uma aranhazinha marronzinha pequenina, que gostava muito da sua teia bem entrelaçada, como se fosse o mais lindo dos desenhos ou uma cortina bordada.

Ela trabalhava muito, tecia e tecia, para que ficasse o mais bonito possível — de preferência perfeita. Cuidava bem dela, mantinha tudo limpinho ao redor e, sempre que ela se rasgava em algum lugar, rapidinho a consertava, limpava e lavava direitinho, para que não ficasse nem um grãozinho de sujeira.
“Pronto, super! Está prontinha!”, disse para si mesma numa manhã, depois de terminar sua linda teia de aranha. A teia de aranha no celeiro já estava bem grandinha. Até os cavalinhos olhavam admirados para a obra da Kika.
Quando, de repente, começaram a se formar nuvens escuras no céu, sobre o celeiro e toda a fazenda da vovó e do vovô. Nossa, aquilo realmente não estava nada bonito… Até o sol se escondeu de medo! Então veio uma ventania forte, o vento soprava feito louco e começou uma tempestade.
A vovó e o vovô logo amarraram os cavalinhos, fecharam os porquinhos no chiqueirinho, as galinhas no galinheiro e se esconderam na casinha junto com o Totó. Por toda parte ao redor, galhos se quebravam, folhas voavam pelo pátio dançando uma dança maluca, e, para completar, começou a chover. Nossa, que tempestade! Todos os bichinhos tremiam de medo. A Kika também ficou assustada, e rapidamente correu para reforçar sua teia de aranha, para que o vento forte não a levasse embora ou a rasgasse. Ela teceu bem rapidinho, para que nada acontecesse com sua teia. Mesmo estando no celeiro, através da madeira velha, o vento forte soprava para dentro e caíam gotinhas perdidas. Foi quando o vento soprou tão forte, que a Kika caiu até bater no chão duro do celeiro.
“Ai, que dor, que dor!”, chorava e gritava a pequena aranhazinha encolhidinha no chão.
Mas os cavalinhos e os porquinhos não conseguiam ouvi-la. Ela era pequena demais. E assim, ficou lá chorando tristemente, e por muito tempo ninguém a ouviu, até que uma centopeia passou caminhando pelo chão.
“Por que você está chorando?”, perguntou, curiosa, e se aproximou dela com suas cem perninhas.
Kika respondeu, com lágrimas nos olhos:
“Eu caí da minha teia tecida durante uma forte ventania. Não consigo me levantar, porque minha perninha está doendo. Ai, ai, ai, está doendo muito!”, reclamou a aranhazinha para a centopeia, apontando para sua teia no canto do celeiro.
A centopeia se apresentou como Juca. E ficou com pena da aranhazinha, pois ela também mal conseguiu se esconder da tempestade. E então disse:
“Espera, ali do lado na fazendinha também mora uma aranha, o Emil, que é médico de insetos. Vou correndo buscá-lo, com certeza ele vai te ajudar!”, lembrou a centopeia, que rapidamente partiu para a fazendinha, que ficava ao lado da fazenda da vovó e do vovô.
E assim a centopeia — ainda bem que tinha tantas perninhas — correu rapidinho, o mais rápido que conseguia, para buscar o doutor. Pelo menos aquela ventania já tinha parado e o sol apareceu por trás das nuvens. Ela voltou num piscar de olhos com uma grande ajuda.
A aranha Emil cuidou da pequena aranha Kika, enfaixou sua perninha, deu um xaropinho para a dor e a ajudou a subir de volta em sua teia. É verdade que a perninha ainda doía um pouco e a ventania tinha estragado sua teia, mas isso não a incomodava, porque ele conheceu novos amiguinhos – a aranha Emil e a centopeia Juca.
O novo amiguinho até a ajudou a consertar sua teia danificada pela tempestade, para que ficasse bonita e forte como antes.
“Muito obrigada!”, disse Kika, com lágrimas nos olhos, para o doutor de insetos. E não esqueceu de agradecer também à centopeia Joca, porque se não fosse por ela, não sei como a aranhazinha teria se saído. Talvez ainda estivesse lá deitada chorando até agora. Mas tanto as pessoas quanto os bichinhos se ajudam uns aos outros. E é assim mesmo que deve ser.
Tem alguns erros de escrita como “A centopeia Joca” no lugar de “A centopeia Juca” e “porque ele conheceu novos amiguinhos” no lugar de “porque ela conheceu novos amiguinhos”. Mas o resto é tudo muito bom, e essa história até virou a favorita da minha irmã por agora.