Acima de um grande vale verde, existia o Reino da Primavera. Durante todo o ano, flores e árvores enchiam o lugar de vida, e um arco-íris orgulhoso se erguia sobre as montanhas. Por todos os cantos, se falava sobre o reino da primavera. Todos que passavam por ali queriam ver as árvores, flores e arco-íris que iluminavam o reino com cores de todos os tipos.
Neste reino vivia a princesa Júlia. Uma menina alegre e esperta, querida por todos. Júlia tinha uma habilidade especial: conseguia perceber quando alguém não estava bem. Mas havia um segredo por trás disso — um chapéu mágico. Quando alguém colocava esse chapéu na cabeça, ele mudava de cor conforme o que a pessoa estava sentindo.

Se ela estivesse triste, o chapéu ficava preto. Se estivesse alegre e contente, ficava amarelo. E se estivesse com raiva, ele ficava vermelho. A princesa Júlia levava o chapéu para onde quer que fosse no reino, sempre estava com ele em sua cabeça.
Um dia, enquanto caminhava por uma das vilas do reino, viu uma menina sentada em um banco debaixo de uma árvore. Ela estava com a cabeça baixa, quase chorando. Júlia sentou-se ao lado dela no banco e perguntou o que havia acontecido. A menina, a princípio, não queria conversar, mas ao perceber que era a princesa que estava ali, começou a desabafar: “Sabe, eu moro aqui só com o meu pai. Faço todo o trabalho de casa. Cozinho, limpo, cuido dos animais, mas à noite, quando quero sair um pouco com minha amiga para dançar, meu pai não deixa”.
A princesa ouviu atentamente e então perguntou se poderia colocar o seu chapéu nela. A menina concordou e, assim que Júlia colocou o chapéu em sua cabeça, ele começou a brilhar em preto e vermelho. A princesa percebeu que a menina não estava apenas triste, também estava com raiva. Ela entendeu o motivo e decidiu que precisava ajudar, pois não queria ver a menina assim.
Ela decidiu procurar o pai da menina e o encontrou não muito longe dali, trabalhando no campo. Ao ver a princesa se aproximando, o homem se assustou, mas Júlia conversou com ele e explicou a situação. E então sugeriu: “Entendo que o senhor se preocupa com sua filha e por isso não quer que ela vá a um baile. Mas e se depois de terminar todas as tarefas, ela fosse a um baile no meu castelo? Eu também adoro dançar, e de vez em quando organizo festas para os moradores do reino. Assim, o senhor não precisa se preocupar, pois meu pai, o rei, estará lá cuidando de tudo”. “Está certo, combinado”, respondeu satisfeito o pai da menina.
De volta à vila, Júlia contou tudo à menina, que se iluminou de alegria. Pouco depois, o pai chegou e eles se abraçaram. A princesa colocou o chapéu nos dois e ele brilhou em amarelo, como o sol. Ambos estavam muito felizes pela princesa tê-los ajudado a se reconciliar. Assim, pai e filha perceberam que conversar e buscar soluções juntos é muito melhor do que brigar ou guardar mágoa.
E a princesa Júlia? Ela ficou muito feliz por, mais uma vez, ter ajudado alguém com seu chapéu mágico e sua empatia. E agora também estava animada, pois iria dançar com as meninas do reino no baile do castelo.