Em um reino de inverno, distante de tudo, viviam um rei e uma rainha muito justos e sábios. Eles tinham um filho, um príncipe que também era muito inteligente. O príncipe já era adulto e precisava se casar, mas não estava animado com a ideia, pois ainda não tinha encontrado nenhuma princesa de quem realmente gostasse.
Para ajudá-lo, o rei e a rainha organizaram um grande baile. Convidaram princesas e jovens nobres de todos os cantos do mundo, para que o príncipe pudesse escolher sua futura esposa. Como o reino era gelado, a festa aconteceu ao ar livre, sobre o gelo de um imenso lago congelado. Para tornar tudo ainda mais especial, foi decidido que seria um baile de chapéus! Ou seja, todos deveriam usar um, e quanto mais chamativo fosse, maiores seriam as chances de chamar a atenção do príncipe.
No grande dia, vieram princesas e damas nobres de todos os cantos do mundo. Em suas cabeças se exibiam chapéus extraordinários, um parecia um abacaxi, outro parecia uma torre e outro parecia um ursinho. Era um verdadeiro desfile! O príncipe não sabia para onde olhar primeiro. Então convidou algumas delas para dançar e conversar com elas, mas depois ele se sentou ao lado dos seus pais no trono e ficou muito pensativo.
“E então, meu príncipe? Qual você gostou?”, perguntavam o rei e a rainha com curiosidade e impaciência. O príncipe balançou a cabeça tristemente, dizendo: “Eu não sei. Os chapéus são lindos, elas também são muito bonitas, mas…”. “Mas o quê?”, insistiram os pais.
“Nenhuma é inteligente o suficiente e ao mesmo tempo são muito metidas. Eu gostaria de encontrar alguém simples, gentil e sábia”, continuou o príncipe.
Nesse momento, um chapéu diferente chamou sua atenção. Não era extravagante, nem cheio de enfeites. Era simples, com um bordado delicado feito à mão. O príncipe então pediu para dançar com a moça que o usava.
Enquanto dançavam juntos, a moça manteve o rosto coberto pelo chapéu o tempo todo. O príncipe via apenas seu sorriso encantador. Ao conversar com ela, descobriu que a moça também era muito sábia, não se gabava, não tentava conquistar com bajulação, apenas respondia às perguntas dele de forma respeitosa e gentil. E além disso, dançava com muita elegância.
Quando a música terminou, a moça já se preparava para ir embora, mas o príncipe segurou sua mão gentilmente e perguntou: “Espere, por favor. Quero fazer duas últimas perguntas. Por que escolheu um chapéu tão simples? E de onde você é?”.
A moça afastou o chapéu do rosto, sorriu de forma encantadora e respondeu: “Porque o que importa não é o chapéu que você usa, mas aquilo que está debaixo dele. Eu venho de um reino simples… mas o mais rico de todos”. E então ela foi embora.
O príncipe havia decidido. Ele sabia que queria essa princesa como esposa. Procurou por toda a terra gelada, viajou por todos os cantos, até que finalmente encontrou um reino que parecia simples e humilde. Então, ele perguntou pela princesa, e a encontrou. Ela ficou feliz por vê-lo chegar e aceitou se casar com ele.
E o príncipe? Ficou contente, porque enfim tinha encontrado uma princesa sábia e bondosa. Ela não era rica em ouro, mas era imensamente rica em qualidades. E isso, o príncipe sabia, era o mais importante de tudo.
